37. Café com Bolachas

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A escola estava toda decorada com balões azuis, uma faixa feita pelos alunos escrita "Feliz dia dos pais" e uma enorme mesa com saladas, bolos, tortas, sanduíches, sucos, refrigerantes e uma variedade de comida para todos os gostos.

— Meu velho... É hoje que eu vou lavar a burra! — disse Fábio, olhando para o banquete.

Mal nos aproximamos da mesa, Fábio foi direto encher um pratinho.

A mãe do Tadeu, um dos amiguinhos de Flor, se aproximou de mim com um sorriso.

— Oi, Lis! Tudo bem?

— Tudo bom, Marta, e tu?

— Eu tô ótima, minha querida, obrigada! Então esse é o famoso papai de Flor? — perguntou, apontando para Ulisses.

— Não, esse...

— Opa! O pai sou eu, viu — corrigiu Fábio, com um pratinho cheio de comida na mão.

— Oh! Perdão... Eu me chamo Marta, e o senhor?

Fábio soltou a mão do prato, derrubando algumas comidas no chão, para cumprimentar a mãe do Tadeu.

— Fábio. Satisfação!

— Eita, painho! Tais morrendo de fome, é? — perguntou Flor, se abaixando para recolher as comidas que caíram.

— Bom dia, Marta, bom dia, Lis! — cumprimentou a mãe de outra criança da sala de Flor. — Prazer, eu sou a Alice. Você deve ser o papai da Flor, não é mesmo? — falou, estendendo a mão para Ulisses.

— Oxe! O pai dela tá bem aqui! — interveio Fábio, entregando o prato ainda cheio para a filha.

Puxou as calças pelo cós, subindo-as, tomando uma pose de desafio. Diferente da de galo de briga, essa estava mais para pose de anfitrião recebendo visita.

— Ora, mais que gafe a minha!... Por favor, queira me desculpar — disse Alice, se virando para cumprimentar Fábio. — Olhando direitinho, ela parece mesmo com você.

— Ela é minha cara, cagada e cuspida! — alegou o genitor.

Ulisses pôs a mão na boca, escondendo a risada.

— Sou não, viu? Sou a cara de mainha. Todo mundo acha! — retificou Flor com três brigadeiros na boca.

Tirei o prato da mão dela e devolvi a Fábio.

— Bom dia, garotas! — cumprimentou a mãe do César. — Não me digam que esse cavalheiro é o pai da...

— Aí vocês já tão tirando onda! Ninguém tá me vendo aqui, não, é? Vocês não tão vendo que a menina é a minha cara? — declarou Fábio, entregando o prato de comidas a Ulisses, que, sem discutir, tornou-se seu novo guardião.

— Desculpe...

— Esse cocota aí que vocês tão vendo é só o namorado da minha mulher. Eu sou o pai de Maria Flor — completou, estendendo a mão para cumprimentar a mulher.

Sem graça, as mães aos poucos foram inventando desculpas para se afastar. Ainda furioso, Fábio se virou para Ulisses e o empurrou.

— Isso tudo é culpa tua, visse? Tu já roubasse minha mulher, agora queres roubar minha filha.

As pessoas estavam olhando e eu comecei a fazer sinal para Fábio baixar o tom de voz.

— Calma... Vamos abrandar os ânimos e resolver isso como dois homens civilizados — propôs Ulisses.

— Civilizados? Eu quero ver se tu se garante no pau é agora!

— Como é que é?

— Isso mesmo que tu ouviu! Além de furar meu olho, fica querendo roubar a filha dos outros!

Fé, Lis! Um Romance Quase ClichêOnde histórias criam vida. Descubra agora