REENCONTRO
"Aguenta, coração valente! Tranquilos e fortes seremos;
Por certo, dominar olhos, faces ou língua podemos,
A quem contar histórias não devemos dar guarida
Ela sempre foi, é e será querida."
Jogo de Rimas
Era uma noite quente de verão. Edith entrou no quarto de Margaret, a primeira vez como era seu costume, e ninguém estava lá. Na segunda vez, já inteiramente vestida para o jantar, e encontrou Dixon colocando o vestido de Margaret sobre a cama. Mas nada de Margaret. Edith começou a se inquietar.
– Oh, Dixon! Não essas flores azuis horrendas com aquele vestido cor de ouro pálido. Que gosto! Espere um minuto e eu trarei algumas flores de romã para você.
– Não é cor de ouro pálido, senhora. É cor de palha. E o azul sempre combina com cor de palha.
Mas Edith já tinha trazido as flores vermelhas brilhantes, antes que Dixon chegasse à metade do seu protesto.
– Onde está Miss Hale? – Edith perguntou, assim que testou o efeito do adereço. – Não posso imaginar – ela continuou, de mau humor – como minha tia lhe permite continuar com esses hábitos errantes de Milton! Estou sempre à espera de ouvir que ela encontrou algo horrível em algum desses lugares miseráveis em que ela costuma se enfiar. Eu nunca ousaria andar por essas ruas sem uma criada. Elas não são adequadas para senhoras.
Dixon ainda estava irritada por seu gosto ter sido desprezado, então retrucou brevemente:
– Não me admiro nem um pouco quando ouço as senhoras falarem tanta coisa sobre serem damas – e quando elas são damas tão temerosas, sensíveis e delicadas também – só digo que não me admiro que não existam mais santos na terra...
– Oh, Margaret! Afinal chegou! Precisei tanto de você... Mas como o seu rosto está corado com o calor, pobre criança! Mas veja só o que aquele aborrecido do Henry fez, realmente, ele excede os limites da sua condição de cunhado. Justo quando a minha festa estava tão lindamente organizada – montada com tanta precisão para Mr. Colthurst – lá veio o Henry, com uma desculpa é verdade, e utilizando o seu nome como justificativa, e me perguntou se ele podia trazer aquele Mr. Thornton de Milton – seu inquilino, você sabe – que está em Londres resolvendo algum negócio legal. Vai estragar completamente o número de convidados.
– Eu não me importo de jantar. Não quero comer nada – disse Margaret, em voz baixa. – Dixon pode me trazer uma xícara de chá aqui, e estarei na sala de visitas quando você aparecer. Realmente, vou ficar bem feliz de descansar.
– Não, não! Isso não vai ser possível. Você de fato parece terrivelmente pálida, mas isso é só o calor, e nós não podemos jantar sem você, de jeito nenhum. (Prenda as flores um pouco mais baixo, Dixon. Elas parecem chamas gloriosas no seu cabelo negro, Margaret.) Você sabe que nós planejamos que você falasse sobre Milton com Mr. Colthurst. Ah! Com certeza! E este homem vem de Milton! Acho que ele será importante, afinal de contas. Mr. Colthurst pode bombeá-lo com perguntas sobre todos os assuntos nos quais está interessado, e será muito divertido localizar suas experiências e o conhecimento desse Mr. Thornton no próximo discurso de Mr. Colthurst na Câmara. Realmente, acho que foi um palpite feliz do Henry. Perguntei-lhe se esse Mr. Thornton era um homem de quem a gente poderia se envergonhar, e ele me respondeu "Não se você tiver algum bom senso, minha irmãzinha." Assim eu suponho que ele seja capaz de falar sem sotaque, o que não é um talento comum no Darkshire, não é, Margaret?