Prólogo.
— Tem alguma ideia? — A mulher perguntou para filha. — Algo de piratas contra leões no mar?
A menina fez uma careta, ela amava as histórias criativas da mãe, afinal, era o trabalho dela. Ela era escritora e parece que contar uma história diferente e única toda noite era um exercício muito bom para seu trabalho.
— Eu quero um romance! — disse animada.
— Que tipo?
— Não sei... um bem bobo, cheio de olhares, água com açúcar e que ative minha diabetes!
— Você não tem diabetes, meu amor.
— Para você ver o nível de romantismo que quero!
A mãe riu.
— Ok, ok, vamos ver. Acho que tenho algo. Na idade média, a pirata-
— Opa, opa, a senhora não entendeu o que quero!
— O que você quer, então?
— Eu quero um clichê!
— Clichês são chatos...
—Não, mãe, clichês são bons, tão bons que viram clichês — explicou a filha. — Tipo, o garoto popular e a nerd, a famosa aposta de levar a menina pro baile e acabar se apaixonando, a melhor amiga de infância, clichês são bons e todo mundo, por mais que fale que não goste, gosta, sim — disse. — Hoje eu quero uma história assim.
— Assim? — perguntou com esperança que a filha mudasse de ideia e pedisse uma grande aventura na China no século passado.
— Sim!
— Eu odeio clichês...
— Porque?
A mãe olhou para filha com carinho.
— Porque minha vida foi praticamente um.
A filha sorriu com a ideia que teve.
— Ótimo — se sentou na cama. — Me conte a sua história, mãe.
— A minha? — A mulher sorriu.
— Sim. A sua história com a mamãe.
— Ah, não. Eu fui muito babaca quando mais nova.
— Conta vai, por favor!
A mais velha sorriu.
— Okay, meu amor, acho que tudo começou quando eu estava no oitavo ano...
A menina estava animada, seria seu primeiro dia na tal famosa escola de elite Grupo. Nunca foi rica, pelo contrário, sua mãe era professora e sabemos que, no Brasil, professor ganha pouco, mas tudo tinha mudado quando ela ganhou a bolsa para estudar em um dos melhores colégios de São Paulo.
Tudo bem que era um internato. Mas Marcela estava animada. Claro que iria sentir falta da sua mãe, mas estava animada.
Deu o primeiro passo para o colégio, a animação se transformou em nervosismo. Todos que estavam no pátio principal, a encaram. Ela era a única de roupa “normal”, todos estavam de uniforme. Arrumou sua franja, abaixou a cabeça e caminhou devagar até a diretoria, conseguiu alguns comentários sobre estar sem o uniforme e sobre sua roupa.
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Oitavo B
FanfictionClichês viram clichês por um bom motivo, porque todo mundo ama. Gizelly odeia histórias de amor e, particularmente, nunca acreditou muito nessa de "amor". Quando a garota mais popular se vê diante da "nova" aluna, ela percebe que talvez, só talvez...