O essencial é invisível aos olhos.

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PENÚLTIMO CAPITULO

O essencial é invisível aos olhos.


Todas as estações.


Clara estava do lado da irmã, a cirurgia estava demorando bem mais que o normal, então, pediram gentilmente a base de ameaças para Marcela ir para casa para e tomar um ar, um banho, mesmo não querendo, ela aceitou e disse que não iria demorar nem uma hora – como ela poderia dar o luxo de tomar banho nesse caso?

Quando chegou em casa quis vomitar, nem mesmo Barry veio a receber, a casa estava vazia e escura. Caminhou quase se arrastando até o quarto na qual dormia com Gizelly, e se surpreendeu ao ver uma caixa em cima da cama. Se sentou ali e abriu a mesma. Sua garganta secou. Eram algumas coisas antigas – coisas importantes. A primeira coisa que viu foi a caixinha das alianças que usou para pedir Gizelly em casamento. Ela segura um choro.

Viu o diploma da sua faculdade, fotos dos amigos com as duas, até mesmo o Eduardo estava ali junto com – Marcela revirou os olhos – a Rafaella. Segurou com as mãos trêmulas as passagens das duas para Paris, um sorriso amargo surgiu em seu rosto, como havia sido babaca com Gizelly. Mas foi graças a essa época que consegui aprender e crescer. Marcela sabia. Ela sempre soube: ela nunca mereceu Gizelly.

Mas foi ver um papel que sua respiração falhou, era um trabalho com sua letra na capa estava escrito "Algo bonito", seu nome e "2ºB", ela virou a página e tinha um pequeno texto manuscrito. Marcela riu baixo com o título e começou a ler.

Musa do verão em todas as estações.

Com certeza meu desenho não é algo que acho só bonito da sala, e sim da minha vida. Eu escolhi uma pessoa, o professor nunca falou que tinha que ser um objeto, e eu fico chocada como Gizelly Bicalho é bonita, não é a primeira vez que a desenho, mas eu realmente acho incrível cada traço e como é algo delicado. É encantador, falando de modo artístico, claro, sua beleza cativou e, por esse motivo, se tornou tão leve desenhá-la que minhas mãos ganharam vida própria fazendo o desenho ganhar vida também. E, por mais que tente, nenhum desenho vai conseguir transmitir sua beleza, o que é estranho para mim.

Não estou satisfeita com meu trabalho, mas, por alguma razão, eu gosto de desenhar ela mesmo não conseguindo transmitir tudo que conseguiu "ver" nela, espero que algum dia consiga desenhar ela totalmente.

A mulher suspirou fundo e virou a página revelando o desenho já colorido de Gizelly e notou algo diferente, na parte de baixo reconheceu a letra de Gizelly: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.", demorou um pouco para se lembrar daquilo, mas a lembrança veio. Alguns anos atrás, Gizelly tinha achado o desenho e sorriu com o texto e perguntou para Marcela o que aquilo significava.

— Eu já te amava antes de saber — Marcela, daquela época, respondeu. — Nem o desenho conseguia transmitir a sua beleza para mim porque eu já estava cativada por seu eu interior, por cada detalhe da sua alma, do seu ser.

Gizelly se aproximou lentamente e roubou um selinho que se transformou em beijo delicado.

— Quando foi que você se tornou tão romântica?

— Quando me casei com você...? — Perguntou baixo entrelaçando seus dedos com sorriso no rosto.

— Você já era gay e... — Gizelly passou a mão na barriga de Marcela que já estava grande. — Só piorou com a gravidez.

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