Não tem controle.

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Não tem controle.

Sobre quem vive, quem morre ou quem conta sua história.


Tinha um musical que Gizelly gostava que dizia a seguinte frase "A morte não difere os pecadores dos santos, ela tira, e tira, e tira e continuamos vivendo mesmo assim, nos erguemos e caímos, e quebramos e cometemos nossos erros, e se há um motivo para eu ainda estar vivo quando todos que me amam já morreram, estou disposto a esperar", mas vendo meu pai sendo enterrado repensei essa frase e cheguei a clara conclusão que:

Eu não estava disposta a esperar.

Eu estava cansada. Exausta. Eu enterrei mais gente do que gostaria e iria enterrar muito mais, eu odiava o ciclo da vida. Besteira.

Alasca estava com os gêmeos na casa do meu padrasto, era melhor ela não estar ali. Ela era muito nova para presenciar umas das cenas mais tristes do mundo.

Rodrigo não era o mais amado, não era a melhor pessoa e muito menos o pai do ano.

Mas ele era o avô do ano.

Nunca iria explicar, os anos fizeram bem para ele, ele havia se tornado um homem melhor. Um ser humano okay, Alasca havia sido salvação e, do outro lado da moeda, ele era o grande herói dela.

— Marcela... — Bia que estava do meu lado, me chamou de forma baixa, resmunguei algo dando entender que poderia continuar sua fala. — Eu vou levar a Gi embora, você vem com a gente?

Gizelly. Assim que escuto seu nome

Busco minha esposa com o olhar. Ela estava com um vestido largo e preto conversando de forma baixa com Clara, minha meia-irmã estava de óculos e roupas de frio pretas e, Deus, eu estava preocupada agora.

— Clara vai também? — Bia negou. — Eu não sei o que fazer...

Confesso baixo ainda olhando Gizelly e Clara, mas volto minha atenção para minha amiga.

— Acho que deveria ir embora-

— Sobre a dor.

— Oh.

Houve um silêncio, e somente abaixei a cabeça, senti as lágrimas vindo e os braços de Bia me envolvendo em abraço caloroso.

— Eu queria ele aqui... — murmuro entre minhas lágrimas. — Vivo.

Bia me abraçou ainda mais forte.

— Vem, vamos embora. Você precisa descansar.

Estava tão abatida que nem rebati, só deixei Bia me guiar até seu carro. Ela abriu a porta de trás e sentei ali.

Minha amiga soltou um "já volto" provavelmente iria buscar Gizelly. Me encostei no banco e fechei os olhos. Meu coração estava agitando, minha mente pesada. E só queria tirar aquela dor.

Minha mente me traía a cada fração de pensamento se tornando cada vez mais perturbando.

Estava tão imersa em minha confusão interna que não ouvi a porta abrir e uma pessoa se sentar ao meu lado.

— Está pensando naquilo? — Abrir os olhos com a voz.

Clara estava na minha frente. Sem óculos de sol. Ela parecia... Uma merda.

Oitavo B Onde histórias criam vida. Descubra agora