Tempo.

239 21 78
                                    

Tempo.

 



Um tempo depois


Entrei no carro vendo dois bebês gordos chorando, não eram nem sete da manhã e já iria estar com dor de cabeça, não me entendam mal, eu amo Thomás e Bernardo só que quando eles começam a chorar eu tenho uma enorme vontade de jogar eles pela janela.

— Isso é mesmo necessário? — Resmunguei pela nona vez brincando com a mãozinha gorda do gêmeo mais velho, Bernardo. — Quero dizer, pô, mãe, vergonha, né?

— Marcela! — Protestou.

— Mãe! — Disse no mesmo tom vendo o carro entrar em uma rua qualquer de São Paulo.

— Você mesma falou que queria passar mais tempo com seus irmãos.

— Quando eu falei isso eu com certeza não quis dizer que queria ouvir eles chorando logo após eu acordar.

— Eles estão tristes porque você vai ficar uma semana fora. Eles sentem isso.

— Jura? Pensei que fosse porque o Thomás estava cagando, mas se a senhora diz...

— O quê?! — Pergunta surpresa olhando rapidamente para trás. Dei os ombros. — Ai... Tudo bem se chegar atrasada hoje?

Neguei com a cabeça.

— Sem problema.


Entrei no colégio com a maior cara de sono, eu gostava dos gêmeos, gostava mesmo, mas cuidar deles me deixava cansada ao extremo, principalmente depois que voltei para casa nas férias de final de ano.

Ah, claro, não tinha um "um tempo depois" no início a toa, ok, talvez eu seja de humanas depois para fazer as contas de quanto tempo passou, mas isso, um tempo passou.

Caminhei entre os corredores do colégio Grupo tentando me acostumar com o pensamento que aquele era meu último ano, mas, infelizmente, fui tirada dos meus pensamentos de uma forma brusca e dolorosa.

— Porra, olá para você também, Bianca — disse de modo irônico ao ver a autora da tal violência contra um anjo que sou.

— Vem cá.

Ordenou me puxando até um dos bancos.

— Não deveria estar na sala?

— Você também?

— Bom argumento. Estou atrasada e você?

— Sério, Marcela, primeiro dia, quem vê aula no primeiro dia?

Apontei para mim lentamente.

— Eu quero ver. No último ano, tenho que ter responsabilidade.

A desgraçada teve a audácia de rir da minha cara.

— Você?!

— Ei, caso tenha esquecido, eu entrei aqui como bolsista e minhas notas sempre foram altas. Não se esqueça disso, mas não se preocupe, meu amor, irei lembrar desse insulto quando me pedir cola.

Bia abriu um sorriso forçado.

— Estava zoando você, minha pequena gênia. Mas sério, tome, leia.

Me entregou o celular dela.

— O que é isso?

— Minha fanfic.

Oitavo B Onde histórias criam vida. Descubra agora