Lar.

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 SE VOCÊ ESTIVER  EMOCIONALMENTE FRÁGIL OU MAL, NÃO LEIA ESSA CAPÍTULO!


Lar

Parte I

Moça, sai da sacada

Você é muito nova pra brincar de morrer

Me diz o que há, o quê que a vida aprontou dessa vez?

Marcela pediu para Bia levar a criança para comer alguma coisa, mesmo que ela estivesse gritando e implorando que queria ficar naquela sala de hospital. Não era ambiente para criança e fim. E tinha certeza que Marcela não queria que a mais nova presenciasse o momento que estava próximo. Gizelly estava com um meio sorriso sem mostrar os dentes.

— Não deixe ela namorar um milho — sussurrou. Deu um pequeno riso. — Estou falando sério, Marcela.

— Não irei — prometeu.

— Bebida só depois dos dezoitos, okay? — Assentiu devagar. — No dia do casamento dela — sua garganta ficou seca, estava sentindo muita dor mesmo com os remédios — fale de mim e como eu amo ela não importa com quem seja a pessoa, exceto um milho ou uma destruidora de lares — tossiu.

— Gigi...

— Que amo quem ela se tornou e sempre, sempre vou ter orgulho. — Marcela fungou o nariz tentando não chorar e apertou sua mão forte. — Eu amo vocês duas... as mulheres da minha vida.

Marcela deu um beijo na testa de Gizelly.

— Eu amo você, Gizelly Bicalho

— Eu sei, sereia — sorriu devagar. — Não use drogas, por favor... Ela não merece isso.

— Não irei. — Beijou pela última vez sua esposa.

Gizelly sorriu e fechou os olhos. Marcela se deitou na maca ao seu lado e abraçou forte.

— Tenho medo, Marcela...

— Não tenha. Eu to aqui. — Tentou soar confiante. — Sempre.

Não demorou muito para os batimentos de Gizelly começarem a cair e Marcela abraçar cada vez mais sua esposa. Até que o som era apenas um único bipe anunciando o som da morte.

Nessa hora, Marcela não se importava se estava chorando alto ou não. Ela abraçava ainda forte o corpo sem vida do seu amor eterno. Gizelly tinha morrido em seus braços.

E agora ela não sabia como reagir.

Quando Gizelly abriu os olhos, não sentia dor. Suas roupas do hospital não estavam em seu corpo e tudo que sentia o calor do magnífico pôr do sol que a aquecia, era uma paz interna que até se estranhou. Se virou para o lado e começou a tremer. Observei afastada.

— M-mãe? — Perguntou ainda em dúvida.

Paula Bicalho estava com sorriso tão doce como ela lembrava de sua lembrança de menina.

— Oh, minha doce criança — as mulheres se abraçaram. — Você cresceu.

— Senti sua falta, mãe... — murmurou apertando mais o abraço.

— Eu não ganho um abraço? — Ouvi uma voz masculina e Beto, seu pai, estava ali.

Sorri e abraçou os dois. Gizelly Bicalho estava em paz. Seu pai se afastou lentamente.

Oitavo B Onde histórias criam vida. Descubra agora