Vilão

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Vilão.

Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.

  ♪  

Quando acordei, não abri os olhos, sabia onde estava e com quem estava: Gizelly estava do meu lado e acordada. Senti sua mão tocando minha bochecha de leve, fazendo carinho. Mexeu no meu cabelo devagar a arrumando.

Queria perguntar se ela se arrependia de ontem ou no que estava pensando. Às vezes ela se tornava tão difícil de se ler.

— Sabia que é errado fingir que está dormindo?

Sorri e abri somente um olho para encontrar uma Gizelly sorrindo.

— Sabia que é errado observar os outros dormindo?

— Você não estava dormindo — rebateu.

Abri os dois olhos, Gizelly arrumou seu cabelo e me encarou. Engoli em seco. O que deveria fazer? Como deveria agir?

Gizelly? — Ouvi a voz do Eduardo do outro lado da porta mesmo batendo na porta. A garota do meu lado mordeu os lábios e não respondeu. — Não sei se posso entrar porque agora a sua colega de quarto voltou, então...

Ela saiu dos meus braços e começou a se vestir enquanto eu apenas me sentei na cama.

— Já estou indo, Du — respondeu alto.

Vestiu seu uniforme em silêncio e rapidamente.

— Gizelly... — a chamei.

— Vou terminar de me arrumar no quarto da Clara — me informou.

Sem força, apenas voltei a deitar na minha cama. Ela saiu e deu de cara com o Eduardo. Eles se abraçaram. Ela saiu dos meus braços para ir para o dele.

Quando cheguei na sala, a aula já tinha começado e para meu desgosto Eduardo estava sentado no meu lugar. Minha vontade de rir era grande, mas de socar ele era maior. Quase perguntei se não queria ser melhor amigo da Bia também.

Tal fato que não aconteceu. Amém uma madrinha sensata que compartilha o mesmo sentimento de ranço com uma pessoa.

Cheguei no meu lugar e ele com Gizelly para de rir. Não falei nada.

— Esse lugar é dela — Bia explicou baixo.

— Ah... — ele soltou. — Mas eu cheguei primeiro.

Soltei uma risada irônica. Ele chegou primeiro? Eu estudo aqui desde do oitavo b. Clara se aproximou rapidamente de mim – minha meia-irmã tinha voltado para escola nas três semanas que estivesse fora – tentando me puxar para longe.

— Tem um lugar vago ali... — tentou falar.

— Não. — A cortei. — Esse é o meu lugar.

Encarei Eduardo, ele tinha um meio sorriso no rosto. Patético. Ouvi o barulho da cadeira se arrastando e Gizelly levantando.

— Senta no meu lugar, Marcela. — Ordenou arrumando as coisas.

— O que tá acontecendo aqui? — O professor perguntou se aproximando.

— O aluno novo está no meu lugar. — Expliquei seca. — Quero o meu lugar.

— Que infantil, Marcela. — Falou Gizelly. — Tem quantos anos?

Oitavo B Onde histórias criam vida. Descubra agora