Capítulo 70

733 63 20
                                    

45 dias depois.

Faziam-se quase 2 meses que Maria podia lembrar como se tivesse sido no dia anterior, o dia que saiu de casa e conheceu o lado mais sombrio da empresa do homem que era pai de seus filhos. Aquele lado que forçavam mulheres sob ameaças, trabalharem para enriquecer homens poderosos e seu sistema corrupto e aterrorizante.

Os dias passavam e parecia que com ele um pouco mais era revelado, mais gente eram presos e outros esquemas descoberto. Sim, com a linha de investigações que seguiam nas empresas San Roman, outras operações eram espelhadas nela e faziam um serviço mais rápido e menos sujo. Como Maria poderia lembrar ao sair do hospital sete dias depois, e descobrir que cinco das pobres mulheres obrigadas a fabricarem dinheiros falsos, haviam morrido naquele terrível tiroteio que enquanto acontecia, ela era levada para o teto daquele lugar sob a mira de uma arma.

Ela ainda podia fechar os olhos e reviver todo aquele momento assombroso. Era capaz de reviver cada segundo, e até sentir a quentura daquele dia em sua pele.

No meio da noite, em um quarto, ela estava sentada em uma poltrona. Tinha uma caderneta na mão e uma caneta. A caneta não lhe pertencia, muito menos aquela caderneta de capa dura e na cor preta. Ela mirou a cama grande na sua frente e visualizou Estevão repousado nela. Afinal estava no quarto dele. O mesmo que um dia ocupou sendo esposa dele.

Ela mirou ao redor mais uma vez desde que começou a ocupar aquele espaço há exatos 30 dias. Tudo estava novo. Começando pela cama e indo até o detalhe do papel de parede do quarto. Acabou que ela decidiu como acabaria aquela reforma que não houve tempo para Estevão vistoriar seu término.

Ele seguia preso e sob duas recusas de habeas corpus pago com uma fiança prevista a ser milionária. Geraldo trabalhava, ela ficava sempre pendente aos passos dele junto com sua equipe, mas tudo que pensavam parecia ser impossível demais para ser realizado.

Os bens de Estevão seguiam bloqueado. Viviam naquele um mês com o que ela tinha em seu nome e pagava todos os gastos que começou a ter com a empresa seguindo em ruinas, com a fortuna que Evandro á deixou.

Maria sorriu de lado e escreveu na caderneta seus pensamentos. Aquele dinheiro que ela tinha certeza que muito dele veio daquela lavagem de dinheiro, veio no momento certo. Ele estava sendo o suporte da empresa. Evandro por fim fazia algo.

Ela suspirou desejando que Evandro estivesse vivo e evidentemente saudável, para conhecer as privações de uma prisão. Mas em troca disso, era Estevão que passava por ela, mas não só ele. Demétrio seguia preso, os homens que foram surpreendidos no interior daquela maldita fábrica também. Mas faltava um. Bruno seguia no hospital, em coma e respirando por aparelhos.

O maldito parecia ter escolhido o próprio corpo como sua prisão. O que não deixava Maria feliz. Tinha certeza que a confissão de Bruno livraria de uma vez Estevão da prisão e daquela investigação, tendo apenas ele como o mentor de tudo.

Se Bruno acordasse teriam outro alvo a quem mirar.

Maria fechou a caderneta no colo e cruzou as pernas. Ela vestia um pijama branco, tinha o cabelo todo solto sobre os ombros e seu olhar, olhava com fixação a longa cortina da janela do quarto.

Desejava que passasse logo o tempo para que aquela tormenta terminasse. E não era que ali naquela grande casa, ela não tinha um aconchego que seu corpo necessitava para se recuperar de tudo que tinha passado, porque tinha, entretanto, não era apenas ele que precisava de atenção e cuidados desde que havia deixado o hospital. Sua alma e mente, necessitavam também de descanso. Seu coração estava angustiado e sua alma perturbada, por saber que Estevão seguia padecendo em uma prisão.

Falso Amor  - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora