Capítulo 74 - Penúltimo

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Um silêncio ensurdecedor se fez presente entre eles.

Maria sentia cada vez seu coração bater mais rápido enquanto tinha os olhos inexpressivos de Estevão, mirando-a. Nenhum tipo de reação vinha dele, até o piscar de seus olhos eram mínimos. Nada dava pista a ela do que ele pensava, ou que faria depois de sua confissão.

Até que ela conseguiu ouvir ele levar ar ao peito, de forma intensa. Depois ele se moveu, mas não em direção a ela, foi até o bar de bebida com seu copo na mão. Depois ela ouviu garrafas e copos se batendo levemente, em seguida o líquido da bebida sendo despejada no copo dele, e enfim, sua voz com ele ainda de costa para ela, ao dizer.

-Estevão: E como se sentiu ao fazer isso comigo? Porque eu me senti um infeliz ao ser atacado. Achei que ia verdadeiramente morrer naquela noite, Maria. Não teve medo que isso pudesse acontecer comigo?

Quando ele a questionou, já a mirava. De copo meio cheio na mão, olhos sérios ele a fitava, com ela ainda sentada no sofá permanecendo na mesma postura desde que iniciaram a conversa.

Maria então baixou a cabeça e olhou as mãos. Tinha o coração agora angustiado, enquanto se lembrava da madrugada terrível que havia tido, enquanto esperava notícias dele.

Assim então, ela por fim o respondeu, ao levantar a cabeça e mira-lo.

- Maria: Tive, Estevão. Tive medo de que tudo desse errado e te acontecesse o pior. Tive medo e não me reconhecia todo o tempo desde que aprovei Geraldo a ir adiante com nosso plano.

Quando ouviu o nome de Geraldo, Estevão riu, riu fazendo Maria se calar e ouvi-lo dizer em um tom nada contente.

-Estevão: Claro. Esse homem tinha que estar presente e certamente para ele seria muito melhor que eu morresse naquela noite. Claro que seria!

Ele bufou e em seguida bebeu como água toda sua bebida, depois de passos largos foi até à mesa e bateu o copo vazio nela, logo em seguida espalmou as mãos na madeira dando as costas à Maria e assim, ele não lhe mirou mais.

Maria então ficou de pé. Mirava as costas dele com seu respirar intenso e quase ofegante. Ela assim ergueu a cabeça outra vez. Sabia que ele não receberia sua confissão de sorriso no rosto, mas também gostaria que ele olhasse para o lado que a fez tomar tal decisão.

Assim então ela argumentou.

-Maria: Você estava dias demais preso. Não te concediam o habeas-corpus Estevão, e eu e Geraldo tivemos que agir. Sim, ele também, porque ele era seu advogado e ainda é. Deve saber que em nossa profissão muitas vezes temos que ignorar a ética em prol nossas causas. Não digo que cometemos crimes, mas há cartas que temos que jogar pensando friamente nelas. Com os negócios também é assim! Então não me julgue como uma vilã, apenas tente me entender! Eu não aguentava mais viver em uma liberdade sabendo que você estava privado da sua...

Ela em suas últimas palavras baixou a voz, e então Estevão se virou para ela. Ele riu novamente, mas de um modo mais contido e mirou o chão. Os ombros caíram como que tivessem um peso sobre eles, e ele então quando voltou a mira-la, a respondeu.

-Estevão: Aí que está o problema, eu não posso em nenhum momento julgá-la nem sequer se seus motivos foram bons ou não, Maria para fazer o que fez. Eu te feri, te feri muito no passado, eu não tenho argumentos que me inocente e te coloque como a vilã que diz que estou te pondo, ao cobrá-la pelo que fez comigo. Não tenho!

Ele andou agitado pelo escritório. Estava confuso. Não era capaz de jogar Maria em uma fogueira e condená-la. Ainda que fosse ele daquela vez a vítima de uma ação que havido sido apenas ele que tinha saído ferido fisicamente e até psicologicamente, e ainda assim depois de tantos dias passado, desconhecendo tal fato. Tal verdade que ela confessou a ele.

Falso Amor  - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora