53 - Caos e Cosmos

1.9K 245 237
                                    

MARIE POV

O vento refrescante do verão no Norte fazia com que o meu cabelo ficasse esvoaçante ao redor. Eu conseguia ouvir a música alta dos instrumentos que eram tocados dentro do salão, onde os cortesões ainda dançavam sem parar.

– Diga.

Castiel me encarava com ferocidade e eu ainda não sabia o que dizer ou fazer. Uma hora ou outra todos acabariam achando o corpo que estava esfaqueado sob a mesa da biblioteca, e eu não podia apenas fingir que aquele sangue próximo a minha orelha tinha sido de um machucado inexistente.

O que ele faria se eu contasse a verdade? Talvez me dedurasse para Lucian na hora. Mas alguém acreditaria que aquela graciosa rainha que todos amavam e respeitavam teria tentado me matar? Não, era claro que não acreditariam. Até porque eu era inimiga da família real. Aquele era meu trono por direito e mesmo que eu não tivesse interesse nele, tenho certeza que outros não acreditariam nisso.

Pelo menos naquela época não havia uma investigação tecnológica e avançada para acharem qualquer resquício genético meu ou de Victoria no cadáver.

– Está pensando em qual mentira elaborar? Se você não me contar a verdade e eu descobrir, te garanto que sofrerá as consequências.

Eu realmente não conseguia encarar Castiel nos olhos. Não quando ele estava tão furioso e ao mesmo tempo parecendo um lobo gigante na frente de sua próxima presa. Não quando eu havia escutado os boatos de quem ele era e o que fazia.

Mas ele estava certo. Uma hora ou outra ele iria descobrir o corpo e saberia que havia sido eu, afinal eu não tinha ficado a noite toda com ele para usá-lo como álibi e agora tudo havia piorado já que ele viu o sangue. Ele era inteligente demais para não descobrir futuramente, então a única coisa que eu poderia fazer agora era tirar Victoria dessa e assumir toda a culpa. Afinal, ela havia matado a rainha para me proteger e eu deveria fazer o mesmo por ela agora.

No banheiro, ele havia dito que sempre estaria lá por mim... como se eu fosse fraca ou precisasse disso. Admito que na biblioteca eu estava muito chocada e com a mente fora de mim para conseguir impedir a rainha, ou talvez ou só não queria aceitar a verdade de que pensei que seria um alívio morrer, mas eu não era a mesma garota de quando cheguei naquele palácio.

– Eu matei a rainha.

As palavras pularam da minha boca e Castiel abriu a boca com espanto, seus olhos cor de âmbar agora eram praticamente dourados a luz do luar. Ele levou a mão na testa, como se sentisse o baque de todas as consequências daquilo. Eu sabia, porque eu não conseguia parar de pensar nelas.

Castiel voltou a me encarar, após, aparentemente, recobrar a consciência de que eu estava falando bem sério.

– Me diga o motivo. Eu sei que você não é uma assassina e tenho certeza de que algo aconteceu.

– Você vai contar para o rei? Pense muito bem nisso, porque eu te garanto que farei todos acreditarem que matei ela por ordens sua. E tenho certeza que nenhum deles duvidará, já que sempre estiveram em pé de guerra.

Castiel sorriu com escárnio, enquanto me encarava bestificado. Era bom que ele ficasse assim mesmo, pois eu não estava mentindo. Esse era o único modo de mantê-lo de boca fechada.

– Acho que eu deveria te mostrar o fim de todos aqueles que tentaram me ameaçar.

Castiel passou o dedo pelo broche de cobra que havia em sua túnica preta com detalhes prateados e eu soube o que ele estava fazendo. Aquele não era só um broche, era uma arma escondida. Eu havia visto Azra colocar um uma vez, não era um simples alfinete que existia atrás do broche e sim uma lâmina fina, porém muito afiada.

Call me KingOnde histórias criam vida. Descubra agora