73 - O Casamento Real

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MARIE POV

Me virei e encarei Lucian que estava logo atrás de mim no jardim. Eu não sabia se ele havia me seguido ou coincidentemente tinha vindo até aqui também.

— Vossa majestade. — o reverenciei e ele me encarava com aqueles olhos cinzentos.

— Eu me lembro de tudo, Marie. — ele se aproximou e tocou o meu rosto com a palma de sua mão — Lembro de todos os beijos roubados, todas as brigas e discussões, toda vez que meu coração parecia trair a minha mente quando dizia para eu me afastar de você, de minha mãe alertando para eu sempre me manter de olho, pois sua linhagem estava amaldiçoada a nos causar problemas.

Olhei para ele sem saber o que dizer. Eu ainda não sabia o que sentir e nem o que pensar com toda aquela revelação. Desde quando ele sabia de tudo? Havia algo que tinha sido verdade entre nós? Ou ele tentou me manter do lado só por me considerar uma ameaça como Laura disse?

— O conselho exige que eu me case com Lady Anna para fortalecer a coroa, mas eu estive todos esses dias reunindo coragem para seguir o meu coração pela primeira vez. Eu quero você, Marie.

O meu coração parecia vacilar ao ouvir aquelas palavras que tanto tempo esperei, mas parecia mais o meu ego feliz após ser desprezada por ele durante tanto tempo.

Pensei em todos os momentos em que ele me acusou injustamente, me tratou mal e foi tão cruel comigo, eu sabia que havia sido o pensamento que seus pais colocaram em sua cabeça sobre eu e Victoria estarmos tentando roubar o seu trono, mas agora eu não conseguia mais admirar Lucian, apenas notar o quão falho ele era, principalmente para ser um rei.

Ele não era a pessoa certa para aquele trono, e eu não sabia bem quem era essa pessoa certa, mas se ele fosse um bom governante, o orfanato nunca teria sido atacado por aquele grupo de insurgentes, talvez o povo estivesse com razão ao não gostar dele como representante, ou talvez eu só não confiava mais nele.

— Você não vai me dizer nada? Pensei que ficaria contente ao saber que me lembro de tudo.

— Lucian, a Marie que existente em suas memórias morreu. — segurei a mão dele e a retirei do meu rosto. Eu não conseguia sentir nada além de uma profunda apatia.

— Eu sei que você está profundamente machucada, queria poder voltar no tempo e te proteger de tudo que teve que viver, Marie. Eu não pude fazer isso antes, mas eu prometo que ninguém te fará nenhum mal mais, eu vou proteger todos meus súditos.

— Eu não preciso da proteção de ninguém. Você não entende, Lucian. Tudo que eu sinto é um ódio tão profundo e ele parece estar me dilacerando a cada dia que passa, tudo que existe em mim é um completo vazio em algumas horas e uma raiva sombria nas outras.

Minha respiração começou a se tornar ofegante como se meu corpo começasse a voltar no extremo ódio que canalizava cada vez mais. Era como se eu não estivesse no controle das minhas emoções mais, elas me dominavam.

— Eu entendo você, mais do que imagina. Foi assim que me senti quando perdi o meu pai. Na verdade, é assim que eu me sinto desde criança quando notei que eu não era como Sebastian. Eu não tinha a liberdade que ele tinha, e nem poderia ter, eu tinha que me preparar para governar e estar atento a todos que pudessem ameaçar a coroa. Eu estava condenado a abdicar de todos os meus desejos, minha personalidade própria, meus sonhos e quereres pelo bem de todos. Pela honra da família, pelo povo, pelo trono.

Call me KingOnde histórias criam vida. Descubra agora