75 - Vilão

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MARIE POV

As horas após a discussão com Castiel foram consumidas pela angústia. Eu sabia que enfrentá-lo era arriscado, mas algo dentro de mim gritava por ação. Não podia ficar apenas assistindo enquanto ele e os outros decidiam o destino de nossa terra e do meu próprio futuro. Precisava fazer algo, por mais loucura que isso parecesse.

O castelo estava mais sombrio do que nunca. As velas queimavam até o pavio, lançando sombras dançantes pelas paredes de pedra, como se o próprio ar conspirasse contra mim. Caminhei até meus aposentos com passos rápidos, ignorando os olhares desconfiados dos guardas e serviçais. Sabia que logo começariam os cochichos, as acusações veladas sobre minha "rebeldia" e "falta de controle", como eles gostavam de dizer.

Ao entrar no quarto, trancando a porta atrás de mim, percebi que a tensão acumulada já não podia ser sufocada. Odiava a sensação de impotência, e mais ainda, odiava o fato de que Castiel e os outros estavam me excluindo das decisões, como se eu fosse uma criança incapaz de entender a gravidade da situação.

"Não posso mais aceitar isso," murmurei para mim mesma, enquanto meus olhos se fixavam no mapa dobrado em minha mesa. Era um mapa detalhado do território, com marcações recentes das movimentações das tropas inimigas. Eu o havia adquirido em segredo, sem que ninguém soubesse, nem mesmo Morgana.

Minha mente começou a formular um plano. Se Castiel não permitiria que eu fosse com o exército, encontraria uma maneira de seguir por conta própria. Havia rotas alternativas para o norte, trilhas esquecidas por aqueles que só confiavam nas estradas principais. Se me movesse rápido o suficiente, poderia chegar antes da batalha, encontrar uma maneira de ajudar... ou, ao menos, entender quem realmente estava por trás de tudo.

De repente, a porta do quarto se abriu com força. Victoria entrou, o rosto pálido, os olhos arregalados de preocupação.

— O que você está planejando, Marie? — ela perguntou, sem rodeios.

— Eu vou para o norte — respondi simplesmente.

— Está louca? — Ela fechou a porta rapidamente, aproximando-se de mim. — Castiel já te avisou que não é seguro! Você não sabe o que está fazendo!

— Eu sei exatamente o que estou fazendo — rebati, sentindo a raiva subir novamente. — Estou cansada de ser tratada como uma peça descartável nesse jogo, Victoria! Se você quer continuar obedecendo cegamente a ordens que nos mantêm presas, faça isso. Mas eu não vou.

Ela balançou a cabeça, exasperada.

— Você não entende, Marie. Isso não é só sobre você. Não é sobre nós. Há forças em jogo que você não pode controlar. Yugar... não é apenas um inimigo externo. O perigo está aqui, dentro das paredes do castelo.

Fiquei em silêncio por um momento, estudando o rosto de Victoria. Ela sabia mais do que estava revelando. Sempre soube.

— O que você está escondendo? — perguntei, com a voz baixa e perigosa.

Victoria hesitou, desviando o olhar. Sabia que algo estava errado, mas também sabia que ela não falaria facilmente.

— Se eu te contar... — ela começou, finalmente me encarando. — Você vai estar em ainda mais perigo. Não quero que você faça algo que nos coloque a todos em risco.

Aproximei-me dela, apertando seus ombros com força.

— Já estamos em risco, Vic. Não podemos mais fingir que estamos seguras aqui. Então, se há algo que você sabe, algo que pode nos ajudar a entender o que está realmente acontecendo, me diga agora.

Call me KingOnde histórias criam vida. Descubra agora