60 - Intuição

1.6K 180 99
                                    

MARIE POV

A lua já iluminava as ruas da cidade e o quarto daquela pousada úmida e apertada. Eu não conseguia parar de treinar como apunhalar alguém com as minhas mãos mesmo estando sentada na cama. Continuava repetindo os mesmos movimentos na esperança de afastar aquela agonia e ansiedade que engolia meu peito sempre que eu lembrava da falecida rainha, e do que eu e Victoria havíamos feito. Lucian jamais me perdoaria se soubesse disso e eu sabia que não conseguiria viver ao seu lado carregando essa mentira.

A porta do quarto se abriu e Castiel atravessou, entrando no cômodo, com um saco de papel nos braços. Ele colocou em cima da mesa que havia sob a janela do quarto e abriu o pacote, puxando um pão e um pote de geleia.

Meu estômago roncou de tanta fome que eu já sentia, afinal não havíamos comido nada desde que chegamos. Me levantei e caminhei até o alimento na mesa.

– Estou faminta. – desabafei e mergulhei o pedaço de pão na geleia e comi.

– Você pensou que teria um banquete de jantar? – ele disse enquanto passava geleia no pão com uma faca que havia retirado de algum lugar de sua camisa.

– Não esperaria isso de alguém tão ignorante.

– É assim que você fala com seu herói? – ele arqueou a sobrancelha.

– Eu tinha certeza que você se gabaria disso um dia. Você é tão previsível. – revirei os olhos e continuei comendo em pé, de frente para ele que estava sentado na borda da cama.

– Previsível... Está aí algo que nunca me chamaram.

– Tudo tem sua primeira vez.

Ele me encarou e sorriu de canto como se levasse para um lado malicioso.

– Ouvi dizer que o seu rei nortenho já teve várias primeiras vezes com sua noiva.

Aquilo me atingiu como uma adaga profunda no coração. Se o objetivo dele era me irritar, ele havia acontecido muito mais do que imaginara.

– Isso com certeza é mentira. Existe toda uma tradição aqui no norte sobre dormirem juntos só depois do casamento, claro que alguém como você não entenderia. – respondi me forçando a acreditar no que eu mesma dizia.

Castiel soltou uma risada e me encarou com aqueles olhos âmbar irritantemente belos.

– Você realmente acreditou nisso? Claro que essa é a tradição, mas não é como se alguém obedecesse.

– Eu achei... que talvez ainda não estivessem...

– Os boatos que rolam pelos empregados são que eles estão mais apaixonados do que nunca, aparentemente as noites são longas e prazeirosas para o casalzinho.

A cena de Lucian com Anna parecia como um pesadelo fixo em minha mente. Enquanto eu chorava durante as noites por nós dois, ele estava ocupado com outra mulher. Eu sentia tanto ódio e raiva, porém eu não podia culpá-lo, afinal ele nem se lembrava de mim.

– Esqueça ele logo. Digo para o seu bem. – ele me encarou com sua feição inexpressiva.

Abaixei a cabeça e suspirei. No fundo, eu sabia que ele estava certo. Era de vital importância que Lucian se casasse e já estava na hora de eu seguir em frente e aceitar que minha história com ele havia acabado. Para sempre.

– Se você já tiver terminado de comer, vamos para nosso próximo ponto da missão. – ele se levantou e começou a guardar suas adagas pelo próprio corpo. Era como se elas sumissem sobre sua pele.

Call me KingOnde histórias criam vida. Descubra agora