54 - Xeque-mate

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      O capitão reverenciou Castiel e então começou a dizer sobre o rei ter pedido para que todos mantivessem a calma e que ficassem dentro do salão, em segurança, enquanto a guarda real realizava uma varredura por todo o palácio. E que em breve vossa alteza viria para esclarecer a situação.

Eu sabia que não era só aquilo. Era como Castiel havia dito, eles manteriam todos ali, mas não pela segurança e sim porque todos eram agora possíveis culpados. E esse marquês teria um problema muito maior do que ter me ameaçado. Agora ele provavelmente era uma suspeita em potencial nos olhos dos outros, porém alguém com pelo menos um pouco de esperteza saberia que não era um homem bêbado e escandaloso que teria matado a rainha.

– Está bem? – Castiel se aproximou e me percorreu com os olhos.

– Ótima. Só quase fui assassinada duas vezes na mesma noite, mas tudo está maravilhoso.

– Se você não consegue parar de se envolver em problemas, pelo menos fique próxima.

Encarei ele desacreditada e soltei uma risada com escárnio.

– Não sei se deu para perceber, mas eu sou a vítima.

– Essa deve ser a quinta vez que salvo sua pele.

– Oh, grande rei sulista! Muito obrigada por me salvar todas as vezes, você é meu herói! Como posso pagar tamanha gratidão? – dramatizei, enquanto Castiel me encarava com desprezo.

Talvez soasse ingrato da minha parte, mas era incrível como essas coisas só aconteciam quando ele estava por perto. Provavelmente ele era um amuleto de azar e por isso tantas coisas ruins estavam acontecendo de uma vez. O que fazia total sentido, já que ele não era conhecido por sua bondade que era inexistente.

– Quando essa guerra terminar, espero não te ver nunca mais. – ele disse e se colocou parado na minha frente como se fosse uma muralha. E ainda de costas para mim com total falta de educação.

– Não se preocupe! Não será preciso que a guerra termine para isso. Afinal, assim que esse baile acabar você voltará para aquele ninho de neve e não nos veremos mais. – pensei em empurrá-lo, mas como eu provavelmente não conseguiria, decidi apenas dar a volta e ficar na sua frente.

Ele soltou uma risada baixa como se já fosse vitorioso na discussão e enroscou sua mão em meu braço, me puxando para o lado dele.

– Quem disse que voltarei para o sul após o baile? Eu não sei se você entende uma guerra, mas tenho muito o que resolver aqui e agora com o que você fez, temo que o rei não permitirá que eu parta tão cedo. Mas não é como se ele precisasse permitir algo, porém como é conveniente para mim, apenas concordarei.

Respirei fundo e engoli seco ao ouvir tudo aquilo. Eu não acredito que teria que aguentar ficar no mesmo castelo que Castiel por mais tempo. Na verdade, eu não havia pensado nisso, porque Lucian não era o tipo de rei que se ausentava do trono, mas Castiel vivia viajando apenas para caçar, não era surpreendente que fosse ficar ali agora que o Oeste já havia invadido Northduk.

– Consigo dizer só de olhar em seu rosto que você nunca esteve mais feliz. – ele sorriu de lado todo presunçoso.

Idiota.
Irritante.
E cínico.

– Você está bem, menina? – Morgana se aproximou, enquanto limpava sua boca com um guardanapo de tecido.

Claramente, enquanto todos estavam em caos e pânico no salão, ela provavelmente nem tinha parado de jantar. Sim, isso era a cara daquela velha. Independente do que havia acontecido, nada abalaria ela.

– Estou bem.

– Então a rainha bateu as botas... Que lástima. – ela disse com uma expressão tão forçada que eu poderia quase pensar que ela estava aliviada.

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