35 • She Wolf

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Yeji digitou a senha do apartamento da irmã e entrou. O cheiro de damasco era forte e a deixou um pouco acuada, mesmo assim respirou fundo e ordenou que seu lobo não se mete-se. Taehyung vinha logo atrás de si e segurou na mão dela, a parando. – Eles podem tá no cio.

A cautela tinha motivo. Não podiam simplesmente adentrar no cômodo enquanto algum dos dois estivesse em sua fase. Invadir o local de acasalamento de lobos era uma afronta das mais graves e o alfa sabia disso.

- Nunca iria fazer isso. – Yeji estava preocupada com a irmã. – Eles não tão no cio.

Taehyung e Jimin eram gêmeos e compartilhavam da mesma classe, o que deixava explicito que nenhum era maior que o outro. O respeito era recíproco e além do companheirismo, havia uma ligação maior entre eles. 

A ômega aproximou-se da porta do quarto e ergueu a mão para bater. Nem precisou encostar na madeira, pois os olhos chorosos de Jimin encontraram com os seus. Eram cunhados, tio e sobrinha, mas além disso... Amigos.

- Jiji-ah, me desculpe. – Ele ficou mais vermelho do que já estava. Os olhos inchados quase desapareciam e as bochechas brilhavam pelas lágrimas que escorriam sem parar. Os lábios carnudos tomavam uma coloração vermelha, judiados pelos dentes afiados. – E-eu não machuquei ela.

- Eu sei que não. – A ômega passou por ele e entrou procurando a gêmea com o olhar. – Você é irmão do meu pai.

Yuna estava deitada na cama e sequer se moveu ao escutar a voz da irmã. Sentia vergonha do que havia acontecido, além do medo de ser julgada. Era inexperiente e sabia disso. Sabia muito bem.

Sentiu um peso na cama e o cheiro de melancia. Apertou o lábio inferior para segurar o choro, mas não adiantou. O soluço surgiu do seu peito e escapou pelos seus lábios no mesmo momento que a primeira lágrima escorria. A primeira desde que sua irmã havia entrado no quarto e talvez a milésima desde que fora marcada.

- Yuni-ah... – Yeji ergueu o edredom e se enfiou embaixo, agradecendo por ela estar vestida. Sequer sentia o cheiro dela, somente o de Jimin.

Engoliu em seco ao vê-la tão vulnerável. Seria assim quando Taehyung lhe marcasse? À medida que a puxava para um abraço, espiou a mordida para saber a profundidade. Ambas já haviam sido mordidas antes, mas aquilo era fundo.

A pele pálida estava rasgada, quase grotesco. A cicatriz já se tornava eterna, mesmo que a carne ainda estivesse pulsando. – Tá doendo muito? – Perguntou baixinho para sua melhor amiga. – Quer que eu fique assoprando?

Yuna fungou. – Tá doendo, unnie. – Respondeu mais baixo ainda. – Não quero ver o Jimin.

- Ele saiu. – A ômega mais velha constatou. Não precisava olhar, mas sabia que Taehyung o puxaria para fora. – Você tá com raiva dele?

- Medo. – Foi a resposta dada.

- Medo? – Yeji arregalou um pouco os olhos. – Ele forçou alguma...

- Não! – Yuna gemeu baixinho ao se mexer. – Tô muito enjoada, nossa. - Teve o cabelo ajeitado pela irmã. – Eu pedi, mana. Eu sempre peço. – Resmungou. – Sou uma grande filha da puta que não sabe ficar atada em um nó sem mostrar o pescoço. – Apertou o lábio inferior. – Jimin não tinha como negar.

Yeji escutava atentamente. – Em algum momento aconteceria, não é? – Ouviu um murmurar. – Por que você tem medo dele?

- O Jimin não resistiu. – Yuna voltou a choramingar. – Tenho medo dele acatar tudo que falo e acabar por estragar nosso relacionamento.

A mais velha franziu o cenho. Estava bem acomodada, porém estranhamente desconfortável ali. O cheiro de Jimin era bom, não negaria, mas era o alfa de sua irmã e seu lobo o reprovava. Estava dentro do ninho de outra ômega, marcada, com um alfa transtornado na sala. – Você tem que saber o que escolher também.

GILASSAL | Haru Spinoff [BTS] Onde histórias criam vida. Descubra agora