Hilda

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A vida não aceita desaforo Hilda muito menos

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A vida não aceita desaforo
Hilda muito menos.
Não existe nada pior do que amor implorado.
Mas para ela se os joelhos ardessem
e Rafael ao seu lado permanecesse.
A vida seria uma eterna alegria.
Hilda era de longe uma mulher carinhosa.
Cabelos alinhados e ajeitados.
Um olhar...admirável.
Hilda era assim, um pouco de você e um pouco de mim.
Tocava piano lindamente.
Profissão? Desenhista de roupas.
Era recatava como a prostituta da rua.
Mas amava, como eu e você.
Hilda conheceu Rafael em uma noite de verão.
Farofa carioca, 1997.
Ela lhe disse que fazia tudo pelo seu amor e o fez.
Não morria por Rafael, vivia pela vida dele.
Rafael era professor de sociologia.
A sociedade para ele não fazia sentido.
Muito menos o amor de Hilda.
Ele a correspondia por pura pena.
Tinha medo do que o amor poderia fazer.
Como eu, não sei você.
Professor era tímido e quadrado
um retrato de Monalisa caricato.
Tinha medo da solidão
mas não dá emoção, como eu e talvez você.
Casou com Hilda em 1998.
Mudou-se para São Paulo.
Pior coisa que fizera.
Chegando na cidade urbana Hilda virou outra pessoa.
Aliança no dedo e coleira no pescoço de Rafael.
Ela não podia ter filhos.
Não pela natureza morta de seu ventre
mas pelo ciúmes de dividir o amor de Rafael.
Mas tudo deu errado mesmo em 1999.
Quando uma vespa se atirou entre sua colmeia.
Vespa essa chamada Cecília.
Uma adolescente de 20 anos que se encontrava nos braços de Rafael.
Ele não sabia como
e nem fazia diferença.
Rafael se dava por Cecília
e obviamente, ela dava muito pra ele.
Hilda nao se recordava como havia feito aquilo.
Mas se atirou de uma janela por Rafael.
Morreu? Não.
Hilda fazia loucuras, como eu e com certeza você.
Rafael correu pelado
vendo o corpo da mulher no chão asfaltado.
Em três meses Hilda colocou até espada na cabeça.
Em três meses ela envenenou o próprio coração.
Teve sopro, vento gelado que Deus mandou.
Rafael de seu lado não saiu
Qualquer pé na saída da porta
ela caia em lágrimas e as veias saltavam.
Rafael largou o trabalho.
Dinheiro? Sogra dele que bancava as roupas que usavam no branco soriado.
Perdeu peso e o rosto bonito.
Seus dias se baseavam em Hilda.
Na dependência que ele tinha daquela doença.
Rafael se viu viúvo antes mesmo dela morrer.
Hilda pensou que sim, se compra o amor.
Seja com champanhe ou com dor.
Ela numa cama poderia até estar.
Sem viver, sem desenhar.
Mas Rafael a ela estaria preso
sentado em uma poltrona azul com cheiro de veneno.
Ele lhe roubara o coração
e ela lhe tirava a vida.

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