Retratos de um outono amargo

9 2 0
                                    

Monalisa se sentou na cadeira da sala
observando o Sol descer pelas cortinas brancas.
Seria tudo muito bonito, tudo muito miraculoso
se ela não estivesse colocado a casa a venda.
A casa de campo da família Castelo era divina.
Os campos cheiravam a festa.
As flores cheiravam a pessoas.
Havia sido lá que ela deu o primeiro passo.
O primeiro abraço.
O primeiro beijo.
Toda uma vida em uma casa que seria dada.
Monalisa não sabia quem iria comprar
Desejava que a pessoa caísse do cavalo e batesse tão forte a cabeça que NÃO!
Monalisa não iria gastar o tempo com pensamentos ruins na sala da casa da sua vida.
Ela olhou pela última vez o tapete vermelho.
Que estava manchado com o licor de jaca da reunião passada.
Olhou a mesa de jantar, ainda posta para o último almoço.
Recriando as vezes que achou que nasceu para ser Monalisa Castelo.
E então, como nada fosse nada levantou.
Se estirou na parede branca e pregou as mãos nela.
Monalisa se crucificara na parede da casa do campo.
Monalisa Castelo estava pregada na parede
Monalisa estava tão a par da loucura
Que nem sentiu quando pregou a veia
Quem comprou a casa comprou tudo
Incluindo o corpo meio morto de Monalisa.

Oficina do Diabo Onde histórias criam vida. Descubra agora