E o que era nosso? Naufragou

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O Sol queima a nossa pele
misturando a areia gostosa
com a maresia de uma poesia.
Perdemos nosso navio
naufragados em um mistério sem fim.
Eu vou gostar de morrer ao seu lado
de lhe beijar a boca fria e inchada.
Embaixo de memórias de marinheiros portugueses.
Dos encontros antes de embarcar
com danças em bordeis baratos.
As vezes um cama de prostitutas
as vezes pensando em mim.
Teremos lembranças daquela noite vulgar
em que nos encontramos na ponte
bebados, apaixonados, implorando um pelo outro.
Mas o vazio do dia depois, é doloroso demais.
Te verei correndo pelo navio
gritando como capitão que você é.
Apontando dedo, estendendo mangas
gritando, assumindo seu posto.
Por que não assume seu posto ao meu lado?
Recorda do dia que invadiu meu quarto?
Me lembro de dormir, babar, sonhar
obviamente com você.
Eu queria que tivessem nos visto
nos pegados em beijos apaixonados
em toques ousados.
Desses que você só imagina que existem em livros.
Mas a manhã veio
com o cheiro do sol pingando no mar
e você foi embora.
Por que foi embora?
Você sempre gostou de vestir azul
combina com seus olhos, seu nariz
e as veias saltitantes da pele.
Não me orgulho das nossas penas
nem dos pecados que terei de pagar
mas não me arrependo de você. Nunca.
Eu queria pegar na sua mão
te procurei por todos os lados do navio.
Só correria, só água, só pavor.
Todos se jogando em mar aberto
se afogando.
Corri entre os últimos barcos atrás de ti
nada do seus cabelos loiros
nada de sua voz gráfica
nada do amor da minha vida.
A beira de chegar à praia
já com o braço machucado, cansado.
Eu vou esticar o olhar
te procurar nas bordas.
Com a garganta salineada vou te gritar
"Meu amor?!"
"Meu amor por favor!"
Mas nada do seu corpo largado.
Olharei para cima, naquele céu azul
implorarei a Deus para não te levar.
Teremos uma casinha
longe de qualquer pessoa na terra.
Seremos eu e você.
Não seremos?
Não seremos.

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