Vicente poderia dizer que é uma das pessoas que vivem na ilusão que o sexo não é nada.
Que não vê sentido na descoberta humana pelo prazer.
Que o jogo de rato e gato na cama é tão fantasioso e distante.
Poderia até pensar que não é nada como as pessoas citam.
Poderia dizer tudo isso se Antônia não estivesse o beijando naquele instante.
Não é como se pudesse parar de desgutar o seu corpo.
Não queria parar nem se o mundo caísse.
O cheiro dela era o ar, como uma toxina.
Nunca havia gostado tanto da pele humana quanto agora.
A mulher não era atrapalhada ou muito intensa
era normal.
Mas ainda sim era incrivel.
Os dois estavam apenas se guardando, trocando uma saliva com gosto de menta.
Tocando cabelos, cotovelos, dedos, rosto, coração.
Antônia era a primeira criatura que o fizera repensar sobre o sexo.
Queria transar com ela, possui-la, dar-lhe o desejo em forma de gozo.
O vestido preto leve era um dos obstáculos
ele poderia tirar?
ela queria que ele tirasse?
ela o queria?
Vicente sentiu a palma quente da menina descer entre suas coxas
aquilo era um sim?
Ele não era especialista em beijos
muito menos quando estava pensando em consumi-la ali.
Abertos na areia da praia, com o mar de testemunha.
Não importava a areia que invadia o pano que ela estirara no chão.
Como era possivel sentir mais calor em beijos do que no queimar do verão?
Então, Antônia abriu as pernas
sentando sobre ele com o peso da luxuria.
Um, dois, três.
Quanto tempo iria levar para ele senti-la?
A jovem ajeitou os cabelos castanhos dos olhos
e ele podia sentir o molhado de suas pernas, suadas.
Em poucos instantes de puro desejo, eles estavam nus.
Peito com peito, as vezes mãos.
Esfregando o corpo um do outro na areia, nos mebros molhados
dentro, fora, fora, dentro.
Dois impostores transando para o mar em uma madrugada.
Antônia era magnífica, sem cerimônias ela se mexia como um instinto.
O sexo era uma dança.
Uma forma de expressar o desejo além do que o desejo é.
Gemidos, mordidas, vem, volta, paixão, sintonia.
Era assim que ele definiria o sexo.
Como um fogo que você só descobre se deixá-lo queimar.
E Vicente queimaria Antônia, e ela o queimaria.
Seriam a chama do fogo do outro.
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Oficina do Diabo
PoesíaQuanto mais rápido alguém brilha, mais rápido ela pode se queimar. Compartilho por meio desse livro minhas palavras moribundas em busca do meu significado. Ainda não sou boa, nem má, mas definitivamente sou a vilã.