A nossa última dança

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Poesia íntima, mais fechada e secreta.
Lances de medo e receio
que hoje já não me cabem.
Passo horas tentando não me lembrar de você
não pensar no que perdemos
no que você decidiu pagar para crer.
Eu te amei
no momento em que eu te vi
de costas
uniformizado
meu.
Fingi nem lembrar o seu nome
nem saber de suas histórias e seus companheiros.
A sua voz, nunca consegui lembrar o tom exato da sua voz
mas eu saberia reconhece-lá entre milhões de você.
O cheiro
das suas jaquetas e uma que eu peguei
é meu cheiro favorito, mesmo gostando de outro alguém.
Eu te odeio mas isso é uma questão de te amar ainda mais.
Me lembro de te olhar, de forçar a parar e de sentir cada gota do infernal ciúmes.
Fantasiei
realizei
chorei
ri
ignorei
e você ainda pediu para eu dançar.
E eu dancei
uma música em cima de você
outra tentando te fazer não ir
cantei
xinguei
me humilhei
mas amava dançar e cantar para você.
E quando a música acabou, a festa se encerrou e você achou as pernas da bailarina do lado melhor
se foi.
Ódio, eu só pensava em me vingar
penso
porque eu te amo muito
e amo mais do que eu deveria respirar.
Você nunca dançou para mim
bolero
pagode
samba
festim
você nunca cantou para mim
mas meu nome em sua boca era um gênio me dando três pedidos.
Hoje, não tem data marcada
a gafieira fechou
e eu não te quero mais pra ver, nem para sofrer.
Se dizer que te quero feliz
minto
porque te amo e te quero comigo.
Meus sapatos aposentaram
minhas cinturas envelheceram
meu sorriso sumiu.
E apagando as luzes da sala de dança
em uma majestosa lembrança de nós
digo de novo
te amo
não volte nunca mais.

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