O sentimento em si, é cheio de vazio.
É receoso, medroso e talvez ansioso.
Estou com medo do que pode acontecer
acontecer com a gente.
Será que a mente continuará a funcionar
quando pararmos de rodar?
Vamos ter o mesmo tom de voz agudo
o mesmo cheiro de solidão contente
será que vamos ser nós mesmas?
Não pretendo sentir saudades
não seria certo com tudo que já passou.
Mas somos pretendentes do caos
parceiras da mentira
e só agora, não quero mentir.
É que com tantas mudanças
acabei esquecendo que nada de fato mudou.
A pele acabou por sair da minha carcaça
deixando uma pessoa ansiosa por poder.
Luxúria.
Desejo.
Mais frágil, só que perfeita.
Talvez eu devesse dizer, que com tantas ondas
brotei em uma ilha deserta, sem identidade.
Formatar tudo de novo, parece até um pecado.
Pegar os cacos de vidro, formar um novo copo
chega me dói um pouco o coração.
Quem sou eu?
Humana? Máquina?
Passo a refletir em momentos assim
as vezes ela volta.
Sim, ela da notícias e suaves prestações
mas sei que não está aqui de verdade.
Olhar o reflexo no espelho
vai esfarelando uma outra pessoa na imagem.
Todo dia uma facada, uma morte
uma pessoa que não sou.
Todo dia ela, nunca eu.
As vezes nem somos mais duas
somos apenas uma, dividindo suprimentos.
Juntando madeiras, tentando fazer uma jangada
para chegar a um lugar, nenhum.
Se você morre afogada, não me importo.
Se eu me afogo na areia, você ri.
Obviamente somos duas pessoas difundidas.
Eu antes, e você agora.
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Oficina do Diabo
PuisiQuanto mais rápido alguém brilha, mais rápido ela pode se queimar. Compartilho por meio desse livro minhas palavras moribundas em busca do meu significado. Ainda não sou boa, nem má, mas definitivamente sou a vilã.