Morgana e Susana

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Morgana era uma demonia disfarçada

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Morgana era uma demonia disfarçada.
Com todos os pecados capitais desenhados nas areolas de seus seios.
Com o fogo e o inferno entrelaçados entre seus cachos morenos.
Morgana por si só tinha o rosto perfeito.
Ela entregava a melhor pose para o melhor romance.
Vestida de roxo, ela desfilava calorosamente pela sala.
Exibindo seu porte e seu dedo anelar, vazio, não era casada.
Se eu falasse que a pele cheirava a uma noite abençoada de prazeres humanos
Estaria meus caros, mentindo.
Morgana cheirava a amor.
Não o tipo de amor que escrevi na última poesia da última geração romântica.
O tipo de amor que te invade tão violentamente
Que você chega a ficar tonto.
Morgana era isso, era desafio.
Ela era tão sua quando te olhava que você acreditaria facilmente que podia beija-lá.
Mas Morgana, não era de ninguém.
Quer dizer, era.
Era de Susana.
Susana era o oposto de Morgana.
Susana era loira, tinha um charme discreto e obsoleto.
Olhos castanhos gentis e palavras nem um pouco agressivas.
Não era um anjo, era uma pessoa viva e intensamente sem graça.
Susana parecia mais ser a personagem secundária dessa poesia.
Mas é sobre ela que vos escrevo.
Acima de tudo, é por ela que eu tanto desejo e vivo como se cada minuto fosse dela.
Susana não era minha.
Era de Morgana e Morgana era dela. Ela e ela e nada para mim.
Amo uma criatura que não pode me amar.
Amo uma jovem que despacha seus anseios nos beiços macios de outra mulher.
Para Susana, eu era um imbecil
Ela jamais gastaria seus graciosos minutos pensando na importância da minha existência.
Morgana também.
Amo tanto Susana que acho que hoje amo Morgana.
Esqueça
Estou tão bebado que nem sei mais sobre o que escrevo.

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