Medellín (Kim Namjoon x Min Yoongi )

Capitulo XLV - El infierno

Pelo negro, ojos oscuros
Bonita pero apena'
Senta'ita, cabizbaja dando palmas
Mientras a su alrededor
Pasaban, la miraban
La miraban sin ver na'
Solita en el infierno
En el infierno está atrapa'
- BAGDAD, Rosalía

— ¿Dónde estabas? -seus gestos são mais rápidos que as palavras, suas mãos seguram meus ombros balançando-me forte enquanto a criança chora do outro lado do quarto — Quiero la verdad.

— Estava na igreja.

O peso de sua mão contra meu rosto me faz cambalear para trás, minha bochecha esquerda arde como nunca, sinto aquela dormência me deixar um pouco tonta. Bieber me segura pelo tecido do vestido puxando o babado dos ombros rasgando em pedaços, sou empurrada contra a parede. Minhas costas doem e eu mal consigo respirar pela força do homem.

— No estabas en la iglesia. Sé que no estaba allí.

— Eu estava! -recebo outro tapa, Justin fecha o punho levando o braço para trás como se fosse me socar no rosto. Ele parou a poucos centímetros de distância, socando a parede ao meu lado. O homem me encara nos olhos enfurecido como se soubesse dos meus pensamentos mais ocultos.

Naquele momento eu senti tanto medo que rezei para todos os Santos que conhecia, enquanto ele mantinha seus olhos castanhos pairando sobre mim. Me senti pequena, fraca ao ponto de encolher meu corpo colocando as mãos na frente do rosto tentando me defender do seu ataque de fúria.

— Amelia... -balbuciou dando um passo para trás, ele passa a mão direita na frente da boca e a coloca na cintura, respirando fundo. Me olha derrotado e ao mesmo tempo penoso, parece que um arrependimento imediato tomou-lhe conta da sua cabeça — Eu não quero você fora dessa casa sozinha.

— Me perdoe, Don Bieber.

— Don... -suspira derrotado — Porque estás a me chamar assim?

— Estás se portando como o narco que és. -passo a mão onde ele havia batido, ainda doía — Tenho que demonstrar meu respeito.

— Amelia, não complique as coisas. -Justin para de falar por conta do choro da criança logo atrás dele, olhei como se pedisse sua permissão para tocar em meu próprio filho. Era humilhante, ele cuspia toda sua frustração em cima de mim como se eu fosse a culpada das coisas estarem dando errado.

Não era o nosso apartamento habitual em Medellin, não estávamos com toda a segurança que tínhamos enquanto a D.E.A estivesse procurando os fugitivos de la catedral.

Aquela aventura em la catedral tinha ficado para trás, eu sabia que apenas uma única vez naquele lugar seria o suficiente para mudar todos os meus pensamentos. E foi, eu não mantive a opinião formada meses atrás quando vi seus olhos de tigres em cima de mim como se fosse uma presa, tão fácil de ser devorada, eu não calculei riscos, não pensei na hipótese de que poderia ser pega e agora andava pelos cantos da minha própria casa como se fosse uma desconhecida. Com medo até mesmo do reflexo no espelho.

Tentei ser complacente com meu marido. Era uma zona de guerra, estávamos em fogo cruzado e ninguém saia de casa enquanto tinham carros do exército circulando pela cidade. Qualquer um poderia enlouquecer, e no caso de Don Bieber. Aquele lugar tornou-se um campo minado.

Acomodei Miguel em meus braços enquanto a televisão mostrava os últimos acontecimentos, engoli minha própria saliva ao ver sua foto estampada na tela. O homem ao meu lado respira fundo, acomodando-se dentro da sua camisa florida ao puxa-lá para baixo.

— É isso o que está acontecendo e você quer arriscar sua vida. -adverte como se fosse o dono da razão, abaixo a cabeça olhando na direção da criança enquanto ignoro suas palavras — Quer ir a igreja? Eu chamo um padre pra rezar uma missa todos os domingos pra você. Daqui não sairá mais.