Capítulo 18

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— Caramba, eu senti sua falta...

Gabriela sussurrou, abraçada à Camila ainda na porta. Agarrou sua cintura assim que a viu, como se matasse uma saudade imensa.

— Jura? – Camila perguntou, com a voz manhosa, apertando Gabriela ainda mais. – Eu também... Tem certeza que faz só um dia que a gente ficou longe?

— Não tenho certeza, pareceu muito mais. – As duas sorriram, soltando o abraço que davam. – Vem, entra.

Camila foi guiada para dentro pela mão e o cheiro que havia na casa era ainda mais gostoso que o de costume; além do cheiro habitual que a fazia quase suspirar, sentiu um cheiro diferente, mas igualmente irresistível.

— Que cheiro é esse? Você fez o jantar?

— Fiz, você já jantou?

— Não, mas mesmo que já tivesse. – Camila riu, um tanto tímida. – Esse cheiro tá quase me fazendo salivar, o que é?

— Só um frango com uns ingredientes secretos, daqui a pouco você vai saber. Antes deixa eu matar um pouquinho a saudade, vem cá.

Gabriela tomou a nuca de Camila com as mãos e a guiou para perto com um cuidado que Camila sentia que só havia nela. Beijaram devagar, como se realmente estivessem matando uma saudade longa. As mãos de Gabriela a tocavam tão suavemente que sentia uma fraqueza física, que achava maravilhosa.

— Continua me mimando desse jeito pra você ver...

Camila foi levada até o sofá da sala e recebeu um colo cheio de carinho e atenção. Gabriela a manteve uma hora inteira deitada sobre o seu colo. A olhava de uma forma tão calma que conseguia arrancar todas as suas preocupações. Camila esqueceu até mesmo dos problemas que carregava por estar com Gabriela.

Depois de uma longa conversa, teve a melhor refeição que se lembrava em muito tempo. Ao contrário das refeições que tinha com os pais ou os colegas da faculdade e do trabalho, Gabriela deixava tudo leve. Não haviam cobranças, nem cara feia, nem assuntos chatos. Naquele domingo, apenas um coisa deixou Camila intrigada: Gabriela parecia inquieta. Esperou durante todo o jantar que a dissesse o que a incomodava, mas o assunto parecia nunca surgir – ou o momento certo não aparecia.

— O que foi? – Camila perguntou, de olhos semicerrados e lambendo o dedo indicador, sem tirar os olhos de Gabriela.

— O quê?

— Você tá inquieta a noite toda, coçando a nuca e pigarreando, parece suspeita de um crime. Aconteceu alguma coisa?

— Não, nada.

— Tem certeza? – Camila franziu o cenho, como se não estivesse convencida.

— Tenho.

— Então tá, vou fingir que acredito... Eu tenho uma coisa pra te contar... Sobre meus pais.

— Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu... – Camila respondeu calma, mas com uma expressão séria.

— O quê? Você contou pra eles sobre a gente? – Gabriela perguntou, dando uma risada da própria piada, mas o sorriso logo de desfez ao ver que Camila permanecia séria, mordicando o lábio levemente. – Ah, meu Deus! Você contou?!

— Não, não contei, mas eles... Descobriram.

— Você tá falando sério? – Gabriela arqueou as sobrancelhas, nitidamente espantada. – Quando? Quando!?

— Ontem à noite.

— Camila! Por que você não me contou?

Gabriela levantou-se, preocupada, e Camila fez o mesmo, porém com uma calma invejável. Caminhou até o outro lado da mesa, e acariciou o queixo de Gabriela devagar, tentando tranquilizá-la.

Sob Nossas Peles (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora