Capítulo 23

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Camila abriu os olhos e estava novamente frente à frente com Gabriela, no cubículo que parecia ainda menor. Ofegou ao se ver mais uma vez naquela cena, especialmente por saber que aquilo já havia acontecido.

— O que a gente tá fazendo aqui?

Gabriela permaneceu imóvel, sem responder, e a olhava fixamente, com um sorriso tão leve que era quase imperceptível.

— Por que eu tô aqui? Isso é um sonho? – Camila perguntou, um tanto ofegante pelo nervosismo.

— O que você acha?

— Isso já aconteceu antes... Não foi?

A pergunta soou ainda meio confusa, e Gabriela apenas deu de ombros, com as mãos no bolso da calça. Os olhares se cruzavam em um silêncio que parecia mais torturante a cada segundo.

— Eu não vou te beijar. – Gabriela disse calma, ainda parada.

— Eu sei que não vai. – Camila tentou dar de ombros, franzindo o cenho em desaprovação.

— Não, você pensa que eu vou. Foi o que pensou quando isso aconteceu.

— Como sabe disso?

— Porque eu sou você. – Gabriela arqueou a sobrancelha e sorriu, como se a resposta fosse simples. – Uma projeção de memórias, do que sentiu, do que pensou... – Os corpos se aproximaram e o sorriso de Gabriela já parecia bem menos inocente ao final da frase, sussurrando. – Eu sou ela, mas sou você.

— Você tem que soar inteligente até no meu sonho? – Camila soltou uma risada nasal, balançando a cabeça negativamente.

— É como você me vê.

Quando a frase terminou, Gabriela voltou a se afastar.

— Espera, não. Não fica longe. – Camila puxou-a pela blusa para mais perto novamente. – Se... Se isso é um sonho mesmo, me deixa ficar perto de você... Isso é um sonho, não é?

— É claro que é, você já estragou tudo quando foi real.

A frase fez Camila suspirar em um leve desespero, ainda apertando a camiseta de Gabriela, à sua frente.

— Merda. Você vai me fazer ficar triste no meu próprio sonho?! – A pergunta saiu com um tom sarcástico.

— Você pode sentir o que quiser aqui. – Gabriela se aproximou novamente, dessa vez mirando sua boca. – O que você quer sentir?

Camila sabia que aquilo era um sonho, mas a sensação de que tudo aquilo era real quase a convencia.

— Porra, eu odeio você. – A frase saiu sussurrada dos lábios de Camila, com os rostos já quase colados.

— É, eu também te odeio. – Gabriela respondeu com um sorriso nada convencido.

Camila passou a sentir a sua respiração muito mais alta e ofegante. Encarou Gabriela em silêncio, e o seu rosto parecia ainda mais bonito aos seus olhos do que o normal. 

— Por que você tá fazendo isso comigo? – Camila perguntou, quase sem forças para lutar contra aquilo.

— Porque é o que você queria que eu tivesse feito.

Gabriela mordiscou o maxilar de Camila de uma forma tão real, que a fez questionar mais uma vez se aquilo era realmente um sonho.

— Porra... – Camila ofegou com um gemido baixo, passando os braços em volta do ombro de Gabriela e laçando-os gentilmente em uma leve rendição. – Não faz isso, por favor.

Sob Nossas Peles (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora