Capítulo 30

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Camila ouviu o ranger da porta do apartamento abrir, mas não se importou em observar o lugar quando a luz acendeu. Pulou sobre o colo de Thiago, laçando-o pelas pernas com um olhar que provocava. A bebida já fazia efeito e facilitava o que fazia. Camila apertava os braços do rapaz e torcia para que o corpo aceitasse o que a cabeça pedia.

Em segundos, os dois caminharam até o quarto, e Camila sentiu seu corpo pender e deitar sobre a cama. Apesar de ser uma cena já conhecida, Camila estranhava. O peso do corpo sobre o seu, o toque, os lábios e o roçar da barba sobre o seu pescoço, tudo era uma vaga lembrança do passado, ao mesmo tempo que era uma memória que não fazia questão de reviver. Tudo depois de Gabriela era diferente, e a ideia de voltar ao que tinha antes, não lhe agradava.

— Tira a calça. – Camila pediu com certo desespero, como se quisesse apressar o ato e desviar os pensamentos que tinha.

Thiago ajoelhou-se sobre a cama e tirou a camiseta, sem cerimônias, desabotoando a calça em seguida, com certa timidez. Camila avançou sobre o rapaz, deitando-o novamente e retirando a peça, que estava sobre a altura dos joelhos. Camila sentou por cima, e retirou a própria blusa, também sem cerimônias e indicando a pressa que tinha. Sua mão percorria o corpo do rapaz, buscando sentir mais do que conseguia naquela situação, e quando tocar os seus braços e tronco já não era o suficiente, desceu a mão até sentir o volume que havia entre as pernas. Em uma situação normal, Camila enlouqueceria em sentir o que tinha firme na mão; Thiago era um homem gentil e educado, além de ser bonito e ter um corpo atraente. Mas nada era como antes. Os beijos e os toques que sentia eram rasos, como os de Pedro e os outros garotos com quem esteve antes.

Camila dissipava constantemente os pensamentos e a vontade de parar, e continuou a retirar a própria roupa, sem pensar no que fazia. Quando os dois já estavam sem roupa alguma, Thiago ergueu o próprio corpo, tomando Camila pela cintura, e a deitou novamente, ficando por cima. Estar por baixo confortou Camila por um momento, sabendo que não teria de fazer todo o trabalho e ter a vista de outra pessoa bem à sua frente. Desviar os olhos para os lados era uma velha opção que tinha.

Quando sentiu suas pernas serem separadas, Camila sabia o que viria, mas Thiago se afastou, indicando que desceria pelo seu corpo até o seu sexo.

— Não. – Camila o impediu de continuar, segurando o rapaz pelos ombros. – Não precisa. Eu quero..
Quero direto.

— Tem certeza?

— Tenho. – Sussurrou.

Camila não queria preliminares, não queria outra pessoa fazendo o que Gabriela fazia, não queria nenhuma oportunidade de comparar o que vivia ali e o que havia vivido antes. Queria algo simples: Provar a si mesma de que era capaz de seguir a sua vida.

Thiago abriu suas pernas novamente, devagar, parecendo fazer tudo com calma, e Camila ofegou baixo quando sentiu ser penetrada. Os flashes de Gabriela passavam pela sua cabeça e cerrar os olhos com força não faria as imagens sumirem da sua vista. Por alguns segundos, tudo o que tentou foi acompanhar o ritmo que sentia, mas era inútil. Não havia espaço para outra pessoa, outra sensação, nada que não fosse Gabriela. A agonia começou a tomar conta de Camila lentamente, deixando sua respiração pesada e o corpo sobre si parecia pesar mais e mais a cada segundo, deixando-a à beira de uma crise de pânico. Camila sentiu raiva, tristeza, decepção, vergonha do que fazia ali. Vergonha da tentativa e vergonha do fracasso. O nó na garganta indicou o choro iminente, e Camila o segurou até que o queixo tremesse, indicando a contenção do choro. Quando os olhos marejaram e não havia como segurar as lágrimas que escorreriam involuntariamente, Camila tocou os ombros de Thiago, com uma expressão nos olhos que quase implorava.

— Espera. – Camila pediu, com voz de choro. – Desculpa, não dá.

— O que foi? Eu te machuquei?

Sob Nossas Peles (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora