Capítulo 31

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Quando o Sol da manhã apontou pelos vidros da sala, Gabriela acordou pela claridade forte que batia em seu rosto. Grunhiu algumas vezes e remexeu o corpo em protesto, quando sentiu seu pé tocar em algum sólido que estava sobre o sofá. Ergueu a cabeça rapidamente, de cenho franzido, e deparou-se com Camila, sentada à beira do móvel, observando-a em silêncio. Gabriela corou instantaneamente e sentou-se, apoiando as mãos nos joelhos.

— Oi. – Gabriela cumprimentou, sem jeito. 

— O que eu tô fazendo aqui?

— Eu... Te trouxe pra cá noite passada. 

— Eu te liguei?! – A pergunta indicou a provável amnésia da noite passada.

— Não, você chamou a Júlia, ela me disse onde você tava e eu fui até lá.

— ...O que você tá fazendo aqui? – Camila perguntou direta, sem muita paciência.

— Bom, eu... Moro aqui.

— Não, eu quis dizer aqui, na cidade. Você não deveria estar vendo o Sol nascer de frente pro mar? – Ironizou, com um riso de canto.

— ...Eu não fui.

— Deveria ter ido. – Protestou discretamente, roçando as mãos nos joelhos antes de se levantar. – Perdeu uma chance e tanto...

— Aquilo me faria perder uma chance muito maior. 

Camila balançou a cabeça negativamente, com um sorriso incrédulo que continha a revolta pelo que ouvia.

— Tanto faz. Tem alguma coisa minha por aqui? Eu preciso ir.

— A gente precisa conversar antes de você ir.

— Gabriela, eu não tenho tempo, tá legal? A minha cabeça tá explodindo, eu não faço ideia de como vim parar aqui, e eu preciso de um banho.

— Eu tenho remédios, eu posso te contar o que eu sei da noite passada e eu tenho um chuveiro.

— Eu não quero nada disso de você.

— E quer alguma coisa de mim?

— Quero. – Camila umedeceu os lábios e os comprimiu, repousando as mãos sobre a cintura com um semblante revoltado. – Quero que você pegue o primeiro voo pra Maceió e corra atrás do prejuízo. Eu tenho certeza que ainda dá tempo, tem um resort luxuoso te esperando, com uma cama muito melhor do que esse sofá, e uma companhia que te quer muito melhor do que eu.

Camila virou as costas, tentando finalizar o assunto.

— Você não me quer?

Gabriela perguntou baixo, levantando e permanecendo em pé, enquanto Camila caminhava para longe. A pergunta fez Camila frear o passo que dava e bufar na mesma hora.

— Eu quero te matar! – A frase saiu de Camila como um trovão e a fez retornar, dessa vez em passos pesados e determinados a um enfrentamento. – É isso que eu quero, Gabriela. Te matar.

— Você não quer me matar. Você quer me estapear, me empurrar, me jogar contra a parede e me encher de socos até cansar, mas não quer me matar. E você também não quer que eu vá atrás dela, nem de outra garota.

Gabriela olhava fundo nos olhos de Camila e tinha uma voz firme e decidida que fez Camila gargalhar, incrédula.

— Desde quando você é tão convencida?

— Não sou. Eu só tô te dizendo o que eu sei que é verdade.

— "Verdade", Gabriela? – Camila cruzou os braços, arqueando a sobrancelha com um olhar desafiador. – Você quer falar sobre verdades? Então vamos lá, eu quero ouvir umas verdades. Me fala... 

Sob Nossas Peles (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora