Capítulo 38 [Último Capítulo]

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Setembro de 2017...

O corpo de Gabriela remexeu, ainda lento e preguiçoso pelo despertar, mas as mãos permaneceram vazias ao percorrerem os lençóis pela cama, o que a fez abrir os olhos devagar, estranhando. Camila não estava ao seu lado, e aquilo era incomum. Alcançou o celular e conferiu que eram 6:20h da manhã, era domingo e Camila não costumava acordar tão cedo em um domingo.

— Amor? – Gabriela chamou fraco, olhando ao seu redor, mas não ouviu nenhuma resposta.

Gabriela sentou, esfregando o rosto por alguns segundos antes de levantar e sair à procura de Camila. Alguns passos para fora do quarto foram o suficiente para ver os pés de Camila no chão do banheiro.

— Amor? Ei... Ei, o que aconteceu?

Gabriela apressou-se em alcançar Camila, que estava sentada sobre o chão, de cabeça baixa. Ao seu redor haviam alguns lenços e os testes de gravidez que haviam comprado na semana anterior.

— Não é nada. – Camila disse, nitidamente contendo um choro e ainda de cabeça baixa.

— Como nada? Por que você tá aqui assim? Olha pra mim. – Gabriela tomou seu queixo devagar, guiando para que se encarassem.

— ...Eu menstruei. – Camila mordeu os lábios em um tom de pesar, com os olhos marejados.

Gabriela engoliu a frase em seco, sabendo o que aquilo significava.

— ...Tem certeza?

— Tenho. Eu... Acordei com uma dor estranha, eu... Eu sabia que era uma cólica, mas eu... Sei lá, acho que eu não queria acreditar no que podia ser.

— Fica calma. Eu... Vou até a farmácia e compro outro teste de gravidez.

— Amor, eu fiz três. Três. – Camila tinha o olhar mais triste que Gabriela já havia visto. – Todos negativos... Não deu certo.

— Ainda é muito cedo, meu amor, isso pode ser só um sangramento.

— Vida... – Camila respirou fundo, tocando o rosto de Gabriela com delicadeza. – Eu falhei.

— O quê? Camila, pára com isso. –Gabriela pediu manso. – Vem, levanta desse chão frio. Vamos pra cama.

Gabriela caminhou abraçada com Camila de volta até a cama e a deitou com calma. Camila parecia estar quase em estado de choque, sem reação.

— É minha culpa – Camila murmurou, com os dentes cerrados.

— Não se atreva a dizer isso de novo, Camila. – Gabriela disse, séria.

— E de quem mais seria a culpa, Gabriela? – Camila a encarou, decepcionada.

— De ninguém! Nós fizemos todos os exames, nós duas somos saudáveis e as nossas chances sempre foram as melhores dentro das possibilidades. Nós conversamos sobre isso.

— Eu sei, eu... Droga, eu sei. Mas eu sentia uma coisa diferente, eu tinha certeza de que tinha dado certo.

— Talvez tenha dado. A gente pode fazer outro teste em alguns dias.

— Amor... Cólica e menstruação pra mim é um sinal mais do que claro.

— ...Tudo bem. – Gabriela deitou ao seu lado, deslizando a mão pelo seu corpo e o abraçando gentilmente. – Se for realmente isso, a gente começa do zero de novo.

— Eu sonho com esse bebê há meses, amor. Eu me recuso a desistir, mas... – A frase foi cortada por um longo suspiro. – Eu não achei que doeria tanto.

Sob Nossas Peles (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora