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Violet

     Acordar na minha própria cama era uma sensação tão diferente e doce que me aconcheguei por mais tempo nas cobertas utilizadas apenas por mim, e não por dezenas de outras alunas antes, sentindo o cheiro de amaciante floral como um indicativo que estava em casa. Passei uma semana me acostumando a não acordar apressada pelas manhãs, com medo de perder alguma aula inexistente.

Ouvi risos assim que cheguei no primeiro andar, então segui para a porta ao lado da entrada, passando pela sala de jantar, e pela porta vai-e-vem da cozinha. Peter e mamãe preparavam a comida para o jantar com os Potter, o primeiro temperava a carne, e ela mexia algo em uma panela, ambos gargalhando de algo dito anteriormente.

— Violet, querida, pode arrumar a mesa?— ela me perguntou, queria saber da piada, mas concordei com a cabeça, retornando para o cômodo ao lado.

     A prataria usada em ocasiões especiais estava na ultima estante do armário de vidro, já que raramente tínhamos visitas para jantares. Comecei organiza-las na mesa, depois de passar um pano úmido, no momento em que minha mãe e irmão saíram da cozinha, ainda conversando, e ela parou, pegando alguns guardanapos no armário para começar a dobra-los em diferentes formatos.

— Eufemia comentou sobre seu jardim, acho que podemos deixar a porta de vidro aberta— ela sugeriu, colocando um dos guardanapos verdes de lado, o deixando em formato de folha.

     Peter abriu a porta dupla, deixando um cheiro de diversas flores se infiltrarem no cômodo, o jardim era o maior orgulho de Rose, e ela adorava esbanja-lo para qualquer visitante. Uma vez, até pediu para o homem que entregava o leite para coloca-los em cima da mesa, no intuito de ele elogiar sua enorme coleção de plantas bem arrumadas e cuidadas.

— Eles falaram que acolheram Sirius Black, espero que ele não venha— ela comentou, quase me fazendo derrubar os talheres que pegava. Encarei Peter, pensei que ele espelhava minha expressão surpresa.

— Por quê?— perguntei, voltando a organizar. Havia esperado para contar a ela sobre meu namoro, apenas porquê, sempre que citávamos Sirius, minha mãe desviava o assunto, ou parecia incomodada, então estava esperando para falar calmamente.

— Por quê?— ela repetiu, incrédula, lhe franzi a testa, enquanto continuava meu trabalho— conheci a família dele, só isso.

— Ele não é a família dele— falei, arrumando os pratos de porcelana no lugar.

— Aquela família é podre até a raiz— ela insistiu, negando com a cabeça, então nos encarou, e suspirou— sei que vocês são amigos dele, mas uma amizade escolar não deve ser levada tão a sério.

     Respirei fundo, e olhei para o relógio  de números romanos na parede, faltava vinte minutos para eles chegarem, e eu não podia esconder aquilo novamente, então, juntei minha coragem.

— Mãe, não é só uma amizade escolar, estamos juntos— informei, terminando com o último prato. Minha mãe parou de dobrar o guardanapo, e me olhou com a boca entreaberta, os olhos meio arregalados.

Juntos?— ela questionou, se levantando, concordei com a cabeça— Peter, como pôde permitir isso?

— Peter não manda em mim— respondi, mas ela encarou meu irmão, agitada, e ele cruzou os braços.

— Ele é meu amigo, mamãe, realmente não é como a família— explicou, ela balançou a cabeça, dando uma risada amarga.

— Eu não acredito nisso— falou, jogando as mãos para o ar, e voltando a me encarar— o que houve com Thomas?— aquele era um assunto que eu não queria falar.

A outra Pettigrew Onde histórias criam vida. Descubra agora