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James

— Remus— ouvi uma voz familiar, de uma forma agridoce, e Lily sentou ao lado de meu amigo, bem na minha frente, e, apontando para algo em suas anotações, eles começaram a discutir.

   Me sentindo um tolo, revezei meu olhar entre o jornal em minhas mãos, que fingia ler, e a garota, que falava animadamente, aqueles olhos, que faziam meus pensamentos se perderem mais vezes do que era possível contar, brilhavam naquele tom de verde esmeralda, enquanto explicava as anotações para Remus. Nunca havia sido apenas a beleza de Lily que me atraíra para ela tantos anos antes, mas sua inteligência sempre me deixava sem palavras, fora e dentro das aulas, nos poucos momentos que ela conversava comigo, nos poucos momentos que eu não estava tão enfiado em minha própria arrogância, estragando tudo. Mas, no presente, a vontade de querer me provar já não existia, eu estava cansado.

— Está babando no omelete, Fleamont— Marlene comentou, como ela conseguia aparecer em todos os piores momentos?

— Sabia que pintaram as paredes do Gringottes?— perguntei, dobrando o jornal e o jogando na mesa, ela revirou os olhos, e eu repeti o gesto.

— Estamos atrasados para Adivinhação— Lily alertou, confusa com a interação.

Marlene trocou um olhar com Emmeline ao seu lado, e levantou, a maioria seguindo, menos Violet e Alice, que iriam para outra aula.

     A aula de adivinhação era, de longe, o horário que eu mais gostava, não a matéria em si, mas adorava passear por toda a escola para chegar na Torre Norte, e exercitar as pernas, algo que não era muito feito em Quadribol, mas ajudava a concentração e o foco, me ajudando a sentir mais acordado.

     Fomos um dos primeiros a entrar na sala, já que todos os outros se arrastavam pela escadaria em caracol, e, por isso, consegui ocupar a mesa ao lado de uma das enormes janelas, o vidro ali era sempre bem limpo e as cortinas bem abertas, já que a professora, Cassandra Ogden, dizia que a natureza lhe dava inspiração.

— Qual premonição teremos hoje?— Sirius perguntou, com um tom zombeteiro de mistério.

— Ela é muito boa, você só é cético— Peter informou, eu sempre me surpreendia com a forma que ele acreditava nas previsões da professora, sempre levava ao extremo.

—Prefiro o ceticismo a ficar duas semanas sem sair do castelo, por causa das minhas folhas de chá— Sirius retrucou, o que tinha sido, de fato, uma realidade para Peter.

— Muito bem, muito bem, desculpem o atraso— a professora entrou pelo alçapão, arrumando seu longo vestido vermelho ao caminhar para o centro da sala. Era uma mulher alta, de pele negra, e com cabelos crespos presos em um coque naquele dia— podem guardar seus livros, hoje teremos revisão.

— Vamos reviver o passado para ver se alguém vai sofrer mais ainda— Sirius murmurou, apoiando os cotovelos na mesa, nem havia retirado seu material.

Assim que o barulho de bolsas parou, Ogden começou a distribuir folhas pequenas de pergaminho entre as mesas, a nossa sendo a última a receber as informações sobre leitura de mãos, cada linha tinha uma flecha apontada para algum texto pequeno contendo suas informações.

— Leiam as mãos de seus colegas de mesa e entreguem um relatório no final da aula— ela instruiu, seguindo para sua mesa com alguns poucos pergaminhos extras e se sentando no banco acolchoado.

— Estou ótimo sem nota— Sirius comentou, escondendo as suas debaixo da mesa, eu já tinha visto em algumas ocasiões as pequenas cicatrizes que ele tinha, embora nunca houvesse explicado todas elas.

— Me diga se vou ser rico— Remus pediu, apoiando o braço na mesa. Seus dedos eram finos e a mão grande, então foi fácil analisar as linhas.

— Você tem uma grande linha da cabeça, significa criatividade e concentração— informei, colocando o dedo em cima da linha entre o dedão e o indicador.

A outra Pettigrew Onde histórias criam vida. Descubra agora