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— Se cuidem, vejo vocês no Natal— minha mãe se despediu de mim e Peter, passando a mão direita no cabelo dele. Suspirei, encarando a locomotiva atrás de nós, e segurando firme o malão.

— Vai realmente ignorar o que aconteceu?— perguntei, aquela seria minha última oportunidade em meses. Rose me encarou, e cruzou os braços.

— Não sei o que você quer de mim, Violet, sinceramente. Pedi desculpas, você saiu correndo— ela falou, dando de ombros. Aquilo me trouxe uma sensação tão grande de frustração e decepção, que desviei o olhar— e, ainda deixei que fosse naquela festa surpresa.

— Obrigada, mãe, isso esclarece muito para mim— falei, forçando um sorriso no rosto ao lhe dar as costas, aquele gesto mínimo trazendo tanta dor ao meu peito que segurei a respiração até estar dentro do corredor movimentado do Expresso de Hogwarts.

Uma memória específica ficou batendo contra minha mente como o tique taque de um relógios antigo. Eu tinha cerca de sete anos, e havia adotado um gatinho que aparecera no nosso quintal, o mimando e deixando que dormisse na minha cama, ele ficou por três meses, e um dia sumiu, sem deixar qualquer rastro, eu me lembrava de chorar inconsolavelmente por horas, querendo o animalzinho que havia nomeado de Star por causa de suas manchas pretas no pelo branco, até que minha mãe chegasse no meu quarto e me abraçasse até o choro cessar.

"Eu quero ele de volta" eu dizia sem parar, mas me sentia desesperançosa mesmo naquela idade.

"Às vezes, quem amamos, nos deixa, e não podemos fazer nada à respeito" ela havia me dito, me aninhando em seus braços "e eu só posso prometer que eu nunca vou a lugar algum"

Aquela fala vinha em minha mente como raios em uma tempestade, e eu sentia a ausência daquela mãe, que ficou comigo durante horas enquanto a dor daquela perda passava, e agora eu mal me lembrava da aparência do gato, porém, também não me recordava de ter tido outra conversa parecida com ela.

— Snow?— ouvi a voz de Remus assim que abri a porta de nossa cabine, as cores ali pareciam fortes demais para a dor de cabeça que havia começado.

Quatro pessoas já estavam ali. James, Lily, Moony, e Sirius, o último franzindo o cenho quando se levantou do assento ao lado da janela, minha expressão devia estar horrível pela preocupação imediata, mas não quis perguntar antes de receber o abraço.

— O que aconteceu, meu amor?— ele perguntou baixo, mas eu congelei com as palavras. A porta da cabine foi fechada quando outra pessoa entrou, e sua voz estava um pouco irritada quando questionou— o que aconteceu com ela, Peter?

— Estou bem, só preciso de cinco minutos— murmurei, apertando a mãos contra a cabeça. Mas, ele continuou alarmado mesmo quando me sentei no seu antigo lugar, e tomou o assento ao meu lado.

— Você não parece bem— James falou, colocando o dorso da mão na minha testa, e eu apenas neguei com a cabeça novamente.

— Apenas uma discussão com minha mãe— expliquei, me encostando, mas, olhei para Sirius, esperando que ele entendesse o que não conseguia por em palavras ali, a sensação de mudança entre nós duas que parecia permanente, e ele, com qualquer experiência passada que havia dito com a sua própria família, concordou levemente com a cabeça, e envolveu meus ombros, depositando um beijo quente em minha têmpora.

— James tem uma notícia para dar— ele falou, desviando a atenção de mim, e me senti extremamente grata por isso. Ainda meio tenso, o citado concordou com a cabeça, hesitante.

— Adivinhem quem é o monitor-chefe?— perguntou, sorrindo de lado. Olhei para os outros, confusa.

— Remus?— Peter sugeriu, e ele fez um som de incredulidade.

A outra Pettigrew Onde histórias criam vida. Descubra agora