Violet
O Salão Principal estava inundado de abóboras, a iluminação vindo principalmente das velas dentro delas, lançando sombras em forma das caretas esculpidas nas cascas. No teto, galhos secos e cheios de musgo estavam presos, e neles, teias de aranha, que eu esperava serem falsas, desciam até a metade do caminho, as luzes dando pequenos brilhos estranhos em cada uma delas, como se estivessem enfeitiçadas.
Acompanhei as meninas até a mesa, quase sendo atingida por um morcego no meio do caminho, que voou até a abóbora mais próxima e se encolheu em cima dela. Passando pelos pratos, Nick Quase Sem Cabeça nos cumprimentou com um aceno de mão, seguindo até onde os outros fantasmas; aqueles das quatro casas, e outros convidados que vinham todos os anos; se reuniam perto das mesas dos professores, eu tinha ouvido que fariam um coral.
— Você seria...— Sirius sentou ao meu lado, analisando o vestido comprido cinza, a capa modificada por Mary para ficar completamente verde, e meu cabelo preso em um coque alto em um penteado antigo e ultrapassado. Sorri e peguei a figurinha dos sapos de chocolate no bolso— Artemisia Lufkin, primeira ministra da magia— ele leu.
— Merlin tinha uma barba branca e grande— comentei, reconhecendo as vestes amarelas sob a capa em dois tons de roxos que sempre enfeitavam as pinturas do mago, e o fato de ele ter me dito sobre no dia anterior.
— Sou Merlin quando ele era bonito, e sem problemas no joelho— ele respondeu, se inclinando e me dando um beijo rápido, antes de se virar para a frente— não vou tentar adivinhar nenhuma de vocês, só estão lindas.
— Lisonjeador— Lily comentou, revirando os olhos. Ela estava de Rainha Maeve, uma bruxa famosa por ensinar bruxos antes de Hogwarts ser fundada, e, como todas nós, as roupas modificadas para parecerem de séculos passados, eram obra de Mary, e o cabelo preso por uma tiara dourada, trabalho de Alice.
— Marlene veio de... si mesma?— James perguntou, sentando do meu outro lado, e encarando minha amiga na sua frente. Na verdade, Marlene estava de Leopoldina Smethwyck, a primeira bruxa britânica a apitar um jogo de Quadribol, e, por isso, só precisou se vestir como se fosse para um jogo normal.
— O que posso dizer? Vou fazer história— ela respondeu, o analisando, as roupas vermelhas e o chapéu de bruxo— Godric Gryffindor? Original.
— Ele seria Merlin, mas, perdeu uma aposta para Sirius— Remus comentou, sentando do lado dela. Como minha sugestão, ele era Edgar Stroulger, criador do bisbilhoscópio.
— Eu também— Peter avisou, sentando emburrado na mesa, e vestido de Derwent Shimpling, depois de apostar comigo que conseguia sim pegar um pomo na sala comunal em menos de trinta minutos, e por isso, teve que se pintar completamente de roxo.
Aos poucos, todos foram se reconhecendo e rindo, as meninas indo de bruxas vivas e mortas, com feitos espetaculares ou engraçados, mas, todas deslumbrantes nas fantasias, mesmo que, mais de uma vez, tivessem que mostrar a figurinha que indicava quem eram.
No resto do Salão, ninguém parava nos lugares, circulavam, riam, trocavam comidas e bebidas, e outros tinham rodas em que contavam histórias de terror, fazendo com que um ou outro saísse tremendo ou com os olho arregalados, as vezes se assustando até com os fantasmas cotidianos. Observei aquelas cenas com o coração quente, no ano anterior, tinha ficado tão imersa em treinos e estudos que me perdi durante toda a comemoração, mesmo estando ali, e esquecido o quanto gostava daquele feriado, da sensação de que a magia estava solta no mundo, e de que tudo parecia possível, mesmo a mais absurda das histórias.
— Vou no banheiro antes do coral— avisei, dando um beijo na bochecha de Sirius e levantando, notando que Peter encarou o gesto antes de sair, mas, sem pensar muito a respeito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A outra Pettigrew
FanfictionFamília não define quem você é #1 Marotos- 23/09/21 #1 Lily Evans- 04/08/21 & 12/12/21 #1 Marauders- 05/03/21 & 26/02/22 & 19/03/22 #1 Peter Pettigrew- 12/02/22 & 31/07/22