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Rafaella
Depois de um dia como aqueles, eu precisava fugir. Simon, Caon. e meus pais estariam chegando na Grécia logo pela manhã e eu não estava preparada para lidar com eles, muito menos com o que a chegada deles iria me proporcionar. Era como se minha mente se recusasse em pensar e nesse estado, eu nunca encontraria solução alguma. Então eu fiz o que achei que precisava, me rendi às minhas próprias vontades porque algo dentro de mim berrava que eu não teria mais tempo para aquilo, não quando realmente encarasse minhas obrigações.
O nervosismo corria todo o meu corpo de uma forma fluida e embaralhada, me causando arrepios e frio na barriga como se tivesse catorze anos e esse fosse meu primeiro encontro com a minha namoradinha da escola ou apenas por estar morrendo de medo de que, mesmo com toda a cautela do mundo, descobrissem meu pequeno refúgio. Talvez um pouco dos dois.
A torre não tinha iluminação alguma e eu tive que providenciar algumas velas para espalhar pelo local mas o grande sino no telhado do lugar fazia tudo parecer um pouco assustador mas eu não tinha nada a temer, meus seguranças estavam bem ali na escada caso algo acontecesse e outros estavam espalhados por vários lugares da igreja, eu ficaria bem por aquela noite. Eu havia arrumado um colchão de casal inflável e forrado com um lençol e algumas almofadas, querendo dar um ar mais acolhedor para o lugar que parecia me condenar com cada vitral didático religioso.
Mykonos tinha apenas uma igreja que ficava no topo da ilha e a edificação era tão simplória como todas as outras do lugar, sua altura que chamava a atenção, com uma torre para o sino, um local tão bem localizado que dava visão para toda a ilha. O padre era um cara muito gente boa que não se importou em me locar a torre por uma noite, eu prometi que ajudaria com as finanças do lugar pelo resto do ano e obviamente expliquei tudo o que ocorria comigo no momento na longa confissão que fiz e por mais hesitante que ele tenha me parecido, cedeu a torre e me recomendou juízo quando eu lhe disse que Bianca viria passar a noite comigo, pediu para que eu lembrasse que estava dentro da casa de Deus e toda vez que eu pensava nisso, mais retraída me sentia, ainda mais com aquela imagem de Jesus no canto da torre, parecendo ler e analisar cada um dos meus gestos e pensamentos.
-Pô cara, não me olha assim não. -Uni as sobrancelhas fitando os olhos sempre apelativos da imagem de Jesus.- Você sabe que... Você sabe! Quando eu era pequena minha mãe sempre dizia que Jesus vê dentro dos nosso corações então você sabe que isso aqui não é ruim. -Apontei meu próprio peito, suspirando.- Eu sei que na sua época essas coisas de menina com menina, menino com menino não era uma coisa muito comum por isso fizeram aquela coisa lá de que um homem jamais deve se deitar com outro homem e isso também se aplica à mulher e todo o resto mas não é só por prazer... -Abaixei os olhos e fitei os azuis secos da imagem, que pareciam penetrar meus pensamentos me lembrando de como comecei a desenvolver sentimentos pela ex organizadora do meu casamento.- não mais! -Me defendi mas os olhos ainda me incomodavam.- É de verdade... Eu acho e... não! Eu sinto, é mesmo! É diferente do que eu sentia com Ivy, é de verdade agora e assim, minha mãe também me disse uma coisa... É, ela falava muito sobre o senhor, é uma mulher muita boa, sabe? Claro que sabe! Devia ter misericórdia dela nessa situação, nunca mereceu uma filha assim desgarrada que nem eu e enfim, é, voltando aqui, ela me disse uma vez que quando você ama alguém de verdade, quando você sente isso nos ossos ou correndo pelas suas veias, quando seu coração e sua mente não pertencem a mais ninguém e esse sentimento, esse amor só te trás boas intenções é porque foi Deus quem colocou no seu coração e se foi Deus, isso não pode ser considerado pecado, certo? -Obviamente a imagem não respondeu e a inquietação em meu peito cresceu mais ainda.- O que eu sinto por ela me toma a mente e o coração e eu não tenho nenhuma má intenção, esse sentimento me fez ser melhor até com outras pessoas ao meu redor e eu não a quero mais de uma forma superficial, peço perdão por quando quis. É de verdade agora, o senhor conhece meu coração.
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A Cerimonialista
FanfictionRafaella Kalimann vai se casar. E quem melhor do que a família Andrade pra organizar o casamento? A tarefa de cerimonial passa a ser de Bianca Andrade e ela tem que planejar todos os detalhes do casamento perfeito de Rafaella Kalimann e Ivy Moraes...