Nosso fim

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Bianca

Nós continuamos deitadas na cama por um tempo indeterminável. A nudez já me incomodava e nós nos cobrimos com o lençol, mas sem nos levantar ou mudar de posição. Nossas mãos continuavam entrelaçadas. Eu me sentia exausta, mas ao mesmo tempo, completamente satisfeita.

Rafaella dormia tranquilamente com a cabeça em meu ombro e eu pensava no que estávamos fazendo. Eu não queria mais sair dali. Não queria mais parar de sentir o corpo dela no meu, de sentí-la em mim. Não queria ficar sem seu calor ou sem seu cheiro por nem um minuto sequer. Não queria sair do seu lado por nada nesse mundo. Mas mesmo que essas sensações que ela me causa me faça sentir a pessoa mais certa do mundo, eu sabia que estava muito errada.

Talvez Rafaella e eu já estivéssemos ido longe demais com isso, talvez devêssemos parar com esse acordo. Desde que ela me propôs isso, eu já sabia que não daria certo porque essas coisas nunca funcionam, nem mesmo nos filmes. E agora, eu não conseguia mais me afastar dela. Ela dormia encostada no meu ombro, parecendo um anjo. Eu estava um bagaço fisicamente, mas minha cabeça me impedia de relaxar. Eu tinha que manter os olhos bem abertos e não só nessa situação, eu tinha que manter os olhos bem abertos até Rafaella se casar.

A única coisa que eu não queria que acontecesse era que Ivy descobrisse do nosso acordo. Eu não havia ideia do que ela era capaz de fazer e sinceramente, nem quero imaginar isso. Ela não parece o tipo de mulher que aceita uma coisa dessas, ela iria acabar com o casamento e com a minha carreira.

Para começo de conversa, eu nem deveria ter entrado nesse acordo. Eu estava colocando o meu emprego, minha carreira e o nome da minha família em jogo. Rafaella poderia reconquistar Ivy, mas e eu? Levaria anos até que eu me reestabelecesse novamente e isso se eu conseguisse. Ninguém iria me escolher para planejar seu casamento, com medo de que eu lhe roube a noiva ou o noivo e isso iria repercutir o mundo, afinal, o nome de Rafaella Kalimann estava no meio. Por que dinossauros eu não pensei bem antes de aceitar aquilo? Por que eu não fui embora no primeiro dia e não fiz tudo certinho como sempre ? Por que eu deixei Rafaella se aproximar dessa forma?

-E aí. -Rafaella disse, levantando a cabeça. Levei um susto com seu súbito movimento, mas acabei rindo fraco. Ela me encarou com os lindos olhos verdes inchados por conta do sono e eu a encarei de volta, sorrindo. Me arrastei mais pra baixo um pouquinho e encaixei meu rosto na curva de seu pescoço, me sentindo extremamente confortável.

-Boa tarde, meu amor. -Eu disse e ela apertou os braços em volta de mim, soltando um grunhido preguiçoso.

-Dormi muito? -Ela perguntou abaixando o rosto para me encarar e eu desci um pouco mais, deitando quase em seus seios e erguendo o rosto para encará-la.

-Nem tanto. -Murmurei contra sua pele e beijei sua clavícula.

-E o que ficou fazendo enquanto eu dormia? -Seu olhar era carinhoso e seu tom divertido. Apenas dei um sorriso fraco, não queria lhe contar a verdade, não queria lhe dizer que estava criando segundas opiniões sobre o nosso acordo e estava prestes a desistir de tudo. Fechei os olhos e balancei a cabeça.

-Só pensando. -Murmurei.

-No quê? -Rafaella perguntou, insatisfeita com minha resposta.

-Em tudo. -Dei de ombros e voltei a abrir os olhos.

Quando o meu olhar se cruzou com o de Rafaella, ela pareceu entender tudo o que se passava em minha mente. Mordi o lábio inferior nervosamente e me desvenciliei dela, voltando a deitar ao seu lado. Eu tentava cobrir o meu corpo nu como se Rafaella nunca tivesse o visto e aquilo parecia muito hipócrita, mas não era, eu só estava me sentindo vulnerável.

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