Acho que temos um acordo

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Bianca

- Que porra é essa aqui? - Gritei, fazendo com que Rafaella acordasse completamente atordoada.

Ela sentou na cama e me encarou um tanto quanto assustada e confusa. Peguei todas aquelas fotos que com muito custo e esforço eu havia conseguido tirar de circulação, e joguei na cara dela. Rafaella pareceu não entender bulhufas, cerrando os olhos por conta da claridade, estava completamente grogue. Eu estava quase espumando de raiva. Que porra ela acha que está fazendo?

- Por que você está gritando? - Ela perguntou esfregando os olhos, com a voz rouca e sonolenta.

- Por causa da prostituta que passou a noite com você! - Respondi, gritando na cara dela.

Rafaella pareceu finalmente ter acordado e me encarou com os olhos verdes arregalados. Rolou-os pelo quarto, completamente aflita e eu bufei de raiva. Não tinha mais ninguém no quarto com ela, não mais.

O problema todo começou quando eu, por acaso, vi uma notícia num site de fofoca dizendo que Rafaella Kalimann havia sido vista com uma garota misteriosa em Nova York. Óbvio que eu cliquei pra ler a matéria toda e pra minha sorte, o site tinha sido atualizado apenas dois minutos antes. Assim que vi a foto de Rafaella com uma garrafa de cerveja na mão e o rosto apoiado no ombro de uma prostituta que apertava sua bunda, liguei pra assessoria da Kalimann mandei eles comprarem as fotos, tirar a matéria do ar e sumir com qualquer resquício daquela notícia para que não repercutisse. A matéria saiu do ar em menos de três minutos depois, mas eu já tinha salvo todas as fotos e as imprimido em casa, para confrontar e jogar tudo na cara de Rafaella.

Em que porra que ela tava pensando? Sair com uma puta, três meses antes de se casar? Sério? Pelo amor de Deus, ela só podia ter perdido a cabeça, os miolos, o cérebro.

Vim direito pro Four Seasons e ainda dei de cara com a puta saindo do quarto dela, com um sorrisinho vulgar e satisfeito. Eu quis encher a cara daquela garota de porrada.

- Ela já foi embora? - Rafaella perguntou, meio atordoada.

- Estava saindo quando eu cheguei. - Ela pegou uma das fotos, encarando por alguns segundos e fechou os olhos com força, suspirando.

- Eu achei que ninguém ia ver.

- Ah sim, estava certíssima, claro que não iam te ver, porque você é só a porra da Rafaella Kalimann! - Bufei, voltando a gritar.

- Para de gritar, aconteceu e acabou.

- No que você estava pensando, Rafaella? - Cruzei os braços, negando com a cabeça. - Você vai casar em menos de três meses!

- Você não entende! - Ela abriu os olhos e me encarou.

- Realmente, eu não entendo. - Disse, com um certo deboche. - Sabe quanto a sua assessoria pagou por essas fotos? Quinze mil por cada uma e mais vinte mil pra tirar a porra da matéria do ar! Você já pensou se a Ivy vê isso? - Ela suspirou alto e abaixou os olhos. Ela parecia bem arrependida. Por que ela tinha que ser tão criança as vezes? Por que não podia levar as coisas a sério? Ela só tinha que se comportar até a merda do casamento, só isso.

- Não fizemos nada. - Ela suspirou, esfregando a testa. - Eu estava bêbada e acabei pegando no sono antes dela terminar de tirar meu short.

Não pude deixar de rir. Aquilo parecia ser tão a cara dela, contratar uma prostituta e não usar de seus serviços. A garota deve ter aproveitado a noite como uma rainha na suíte presidencial do Four Seasons enquanto Rafaella roncava na cama.

- Você... Não está brava? - Ela perguntou, com os olhos cerrados ao me ver rir.

- Estou, e muito. - Respondi, agora séria. - Você quase estragou tudo, mas como eu achei a situação ridícula e engraçada, eu vou te perdoar. Afinal, sua noiva não sou eu e não chegou a ser um chifre. - Ela abriu um sorriso fraco e assentiu em agradecimento. Eu me sentei ao seu lado na cama e a encarei. Temos que achar a razão principal do problema para podermos eliminá-la por completo. Para isso, Rafaella teria que me dizer porque diabos contratou uma prostituta se estava para se casar. - Você disse que eu não entendia, então faça o favor de me explicar. - Rafaella suspirou, e me olhou agora meio triste.

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