Foi mentira?

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Bianca

Depois que Levi foi embora, troquei de roupa e me preparei psicologicamente para trabalhar. Nós dividimos nossas tarefas e sempre mantínhamos contato, porque eu sabia exatamente o que a Ivy queria e ele tinha que me ligar para perguntar muitos detalhes importantes.

Bater perna por Nova York teve um novo significado pra mim naquela manhã. Eu me sentia mais amarga, mais atenta e, infelizmente, mais quebrada. Ser enganada pelo seu noivo e ter o coração partido porque ele estava te traindo com a vizinha gostosa é uma coisa. Ser enganada pela noiva de outra pessoa e se sentir usada é outra completamente diferente. Era como levar uma rasteira da vida, mas ao invés de me parar, ou fazer que eu me sentisse um lixo, aquilo só me deixava mais esperta e forte. Além de tudo, mais fria.

Enquanto eu trabalhava incansavelmente, mais raiva eu sentia. Descontava nas pessoas mais próximas e ficava cada vez mais autoritária. Mandar em todo mundo era uma ótima opção naquele momento. Eu só estava cansada de parecer fácil e boba, boazinha demais. Eu não queria ser enganada novamente e não ia deixar ninguém chegar perto o bastante para tentar.

Passei o dia inteiro fora e quando voltei pra casa, não me sentia exausta. Raiva pode te dar uma energia quase inesgotável, você só precisa estar aberta a todas as opções e ser idiota o suficiente para ser enganada. Eu sentia como se pudesse passra a noite inteira acordada.

Liguei para Levi. Ele atendeu no segundo toque e eu consegui ouvir um sorriso em sua voz quando ele disse meu nome.

-Olá, Bianca.

-Olá, Levi. -Disse, calmamente.

-Aposto que você não me ligou para saber como estou.

-Cruzes, é isso que você pensa de mim? Que horror! -Brinquei, dando risada.

-O que eu posso fazer por você, ma jolie?

Sorri com seu francês perfeito e me senti nas nuvens. Minha linda. Estávamos progredindo.

-O que você acha de sairmos para jantar? -Sugeri.

-Acho uma ótima ideia.

-Que bom. -Olhei para o relógio e eram sete da noite.- O que você acha de passar aqui às oito?

-Perfeito, estarei aí. -Ele respondeu e eu pude ouvir um sorriso em sua voz.

-Obrigada, monsieur. -Agradeci, sorrindo.

-É um prazer, mademoiselle.

Desliguei o telefone sorrindo. Fui para o meu quarto e tomei banho. Eu não me preocupei em ser rápida porque eu queria ficar bonita. Assim que saí do banho, escolhi um tubinho vermelho que deixaria Levi doido. Arrumei o cabelo, fazendo um coque alto e meio desarrumado. Enquanto eu escolhia os brincos, a campainha tocou. Olhei para o relógio em cima do criado mudo e constatei que Levi estava vinte minutos adiantado. Dei risada, caminhando até a sala e abri a porta com um sorriso no rosto, esperando encontrar Levi e um buquê de lindas flores.

Mas não era ele. E eu devia ter olhado pelo olho mágico.

-Oi. -Disse Rafaella, com um olhar triste e arrependido.

-O que você está fazendo aqui? -Eu soltei com a voz aguda de raiva.

-Quem você esperava que fosse?

-Tchau, Rafaella. -Fiz menção de fechar a porta, mas ela não deixou.

Rafaella empurrou a porta para trás com força e ela se abriu. Ela entrou em minha casa e me pegou pelo rosto, colocando os lábios nos meus. Foi tão de repente e me pegou tão desprevenida que eu fiquei sem saber o que fazer. Rafaella me envolveu com seus braços magros porém firmes quando eu tentei me separar dela. Quanto mais eu tentava afastá-la, mais forte seu aperto se tornava. Até que mordi seu lábio inferior com toda a força que consegui e soquei seu estômago até empurrá-la para bem longe de mim.

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