A Cerimonialista

Eu quero que você fique

Bianca

Não foi da maneira mais racional que eu acabei me decidindo.

Eu estava encarando a tela do meu celular e a mensagem de Rafaella em um segundo e, no outro segundo seguinte, estava parada em frente ao Four Seasons. Sabia que era burrice, estupidez, idiotice, a pior coisa que eu poderia fazer àquela altura do campeonato. Depois de todas as ameaças da minha mãe, depois de tudo o que eu vi das pessoas que eu amava, depois de Rafaella ter me dito tantas palavras ruins, depois de ter ficado quieta sobre Ivy, mesmo depois de tudo, constatei, com um leve desespero, que ainda queria Rafaella. Mais do que qualquer coisa.

A parte racional do meu cérebro travava uma luta com a parte emocional e eu não percebi que o resultado eram as lágrimas que caíam dos meus olhos. Eu sou uma completa estúpida. Eu deveria estar fugindo ou indo embora. Eu precisava sair da vida de Rafaella, ela não me queria e não me merecia. Ela vai se casar amanhã e eu estou fazendo papel de vadia nessa história toda. Eu estou fazendo tudo errado mais uma vez. Eu tenho que me virar e voltar pra casa. Eu não quero ser lembrada como uma destruidora de lares, eu não quero perder o emprego, eu não quero nada disso.

E, ao mesmo tempo em que eu concordava com essa parte racional, minha parte emocional entrava em ação e tornava tudo mais claro e mais decisivo. O único argumento emocional que eu tinha contra a minha própria razão era: eu não quero que nada de ruim aconteça, só quero ficar com Rafaella nesse momento. Cansei de ser forte, cansei de lutar, só quero ficar com Rafaella.

Segundos depois, eu já estava na frente da suíte de Rafaella. Eu não precisei tocar a campainha e nem bater na porta, ela já estava me esperando, mas ao invés do que eu esperava, ela não tinha uma expressão vencedora, ela não parecia feliz por ter me arrastado até lá. Ela parecia quase tão triste e dividida quanto eu, e foi por essa razão que ela não me perguntou por que eu estava chorando. Por essa razão, ela simplesmente abriu os braços e eu me afundei nela, imersa em todo o seu ser e toda a sua plenitude.

-Eu não achei que você fosse aparecer. -Ela sussurrou em uma voz triste.- Uma parte de mim ainda tinha esperanças, mas achei que você fosse seguir com o seu plano.

-Eu não sei o que me fez vir aqui. -Sussurrei de volta, com tranquilidade.- Só sei que também não conseguia me ver passando a noite com qualquer pessoa que não fosse você.

-Bianca, eu... -Rafaella puxou meu rosto e me fez encará-la nos olhos.- Eu não sei o que dizer pra você, me desculpa por tudo que eu já te fiz, por ter te colocado nesse caos...

Coloquei meu dedo indicador em seus lábios e neguei com a cabeça.

-Eu não quero falar disso agora, Rafaella. Vim aqui pra estar com você, não quero mais que nenhuma briga aconteça. -Murmurei.

Rafaella assentiu com a cabeça. Entramos na suíte e eu fechei a porta atrás de mim com o pé. Caminhamos juntas até o quarto, os corpos ainda colados e os pés se embolando. Rafaella segurou meu rosto e encostou os lábios nos meus. Um calor se espalhou pelo meu corpo inteiro e eu me senti viva de novo, como não me sentia há muito tempo. Eu sabia que sentia falta dela, mas não sabia que sentia tanta falta assim.

Envolvi o pescoço de Rafaella e ela me puxou pela cintura, cortando toda a distância que ainda podia existir entre nós duas. Eu conseguia ouvir meus batimentos nos meus ouvidos e minha respiração estava tão pesada que parecia ecoar pelo quarto todo. Rafaella apertava minha cintura de uma forma tão forte e sexy que eu me sentia mil vezes mais excitada.

Ela me soltou por tempo o suficiente para que eu pudesse tirar sua blusa e seu sutiã, acariciando seus seios por longos segundos até que ela começou a tirar minha jaqueta e minha camiseta de baixo. Voltamos a nos atracar e minhas mãos rapidamente acharam o caminho de volta para os seios de Rafaella mais uma vez. Eu os apertei e ela gemeu daquele jeito rouco que me fez sorrir durante o beijo. Eu adorava quando ela gemia assim.