É hora de acordar, bela adormecida

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Bianca

Alguém me puxava da cama sem o meu consentimento e eu fui obrigada a me sentar sem estar completamente desperta ainda. Eu normalmente não demorava tanto tempo assim pra acordar de manhã, mas havia sido uma noite de sono tão boa que eu queria ficar dormindo pelo resto da vida. Se estivesse ao lado de Rafaella.

-Mais cinco minutinhos. -Tentei empurrar os braços fortes que me apertavam.

-Levanta, sua vagabunda! -Disse uma voz masculina em um tom grosseiro.

Eu me forcei a abrir os olhos. Aquela voz com certeza não era da Rafaella. E então eu encarei o homem na minha frente, devia ter mais de 50, mas seus cabelos já eram bem grisalhos. Ele até tinha um rosto amigável, mas sua expressão naquele momento era de completo desprezo. Eu não imaginava quem ele podia ser, mas sabia que coisa boa não era.

-O quê? Eu não... -Tentei empurrá-lo de novo.

O homem me puxou e me fez levantar. Lembrei que estava nua e tentei esconder algumas partes do meu corpo o máximo que pude, sem muito sucesso. Ele pareceu não se importar com a minha nudez, só me empurrou para fora do quarto da suíte e foi chutando as peças de roupa que achava que eram minhas. Fui recolhendo cada uma delas, uma por uma.

Coloquei minhas roupas íntimas e depois minhas calças e a camiseta de Rafaella, que o homem achou que fosse minha. Ele pegou minha jaqueta que estava mais distante e jogou-a em cima de mim. Assim que eu acabei de colocá-la, ele me puxou pelo braço e nós saímos do quarto, caminhando para a parte social da suíte.

-De quanto você precisa? 500? 600? -Ele tirou a carteira do bolso e começou a tirar as notas de cem.- Vou te dar mil dólares se você prometer ficar quieta sobre isso, tudo bem?

Ele me entregou o pequeno bolo de dinheiro. Dei um tapa em sua mão e as notas voaram.

-O que você está pensando que eu sou? -Perguntei, indignada.

-Cristo, meu senhor! -Ele exclamou.- Pra uma prostituta, você é bem cara. Toma aqui mais 500 dólares e não falamos mais sobre isso.

Ele fez menção de me entregar mais dinheiro. Dessa vez, peguei.

-Você pode enfiar esses 500 dólares no seu cu. Quer que faça isso pra você?

Tentei enfiar o dinheiro em sua boca, mas ele me empurrou com facilidade e eu caí sentada no sofá. O homem me encarava como se eu fosse louca. Eu não sabia quem ele era e nem porque pensava que eu era uma prostituta. Com aquelas roupas? Como esse rostinho? Eu tinha uma cara limpa, não parecia nem um pouco indecente.

-Qual é o seu problema, menina? -Ele perguntou.

-Qual é o seu? -Rebati.- Eu não sou prostituta coisíssima nenhuma!

Ele me olhou confuso, as sobrancelhas franzidas.

-Então quem é você?

-Sou a organizadora do casamento da Rafaella.

Minhas bochechas coraram naquele exato momento. Eu não era mulher de ficar envergonhada por pouca coisa, mas é óbvio que, quando alguém te encontra na cama com uma das noivas do casamento que você está organizando, você começa a se sentir meio abalada.

-Você é Bianca Andrade? -Ele perguntou, incrédulo.

-Sim, sou. Quer ver minha identidade?

-O que você está fazendo aqui?

-Vim oferecer apoio moral pra noiva... Seu idiota, o que você acha que eu estava fazendo nua na cama da Rafaella? Jogando batalha naval?

Ele me encarou como se eu tivesse passado dos limites e me puxou pelo braço.

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