Ele não vai ser o seu futuro marido

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Maratona ON

Bianca

O Grand Foyer era um salão que não estava disponível para qualquer pessoa, você precisava ter um nível para fazer uma festa ali, quando eu disse quem era e que casamento estava organizando, eles não hesitaram e me trataram da melhor maneira possível. O salão era imenso e magnífico, parecia um grande castelo por dentro e eu estava com um dos funcionários da firma de decoração, que analisava criticamente o lugar e anotava diversas possibilidades de ornamentação naquele lugar enorme.

-Que tipo de decoração a Ivy quer? -O funcionário perguntou, naquele jeitinho espalhafatoso e cheio de gestos, enquanto andava pelo lugar.

Seu nome era Miguel e ele era gay mais do que assumido. Gays, normalmente tem o senso crítico de moda e posicionamento aliado a praticidade dos homens, por isso eram sempre os mais populares nessa tarefa. Não que mulheres não fossem boas o suficiente nessa parte, mas gays eram sempre mais práticos, criativos e muitas vezes mais carismáticos.

-Ela quer algo bem clássico, um casamento de princesas, então não me venha com suas ideias mirabolantes e coloridas. Tenha em mente de que esse é o casamento de Ivy Moraes e Rafaella Kalimann. -Eu o adverti e ele revirou os olhos.

-Então é melhor eu mesmo conversar com Ivy. -Ele arqueou uma das sobrancelhas e eu bufei, tirando meu celular da bolsa e discando o número dela, o entregando antes que ela atendesse.

Assim que ele colocou o telefone no ouvido, já começou a conversar com ela e sugerir montantes de ideias e aos poucos, foi se afastando de onde eu estava. Por mais que eu adorasse o trabalho dele e o achasse o decorador mais carismático de Nova York, sabia que Miguel não ia nem um pouco com a minha cara. Mas é sempre assim, decorador e cerimonial nunca se entendem e sempre brigam, porque um sempre quer palpitar no trabalho do outro. Eu só espero que Ivy não escute tudo que ele disser.

Ele caminhava em círculos pelo grande térreo do Grand Foyer, fazendo muitos gestos e falando muito alto. Mas eu não entendia uma palavra do que aquela bicha dizia, ele forçava um sotaque australiano horrível. Respirei fundo. Pelo visto, aquela decisão não seria meu problema.

-Decoradores... -Disse uma voz atrás de mim, de uma maneira depreciativa.- Eles nunca entendem, não é mesmo?

-Pois é, nunca entendem. -Bufei e me virei para encarar a tal pessoa e meu queixo caiu ao mesmo tempo que meus olhos se arregalaram surpresos.- Levi? -Perguntei, incrédula.

-Oi, Bia. -Ele abriu os braços, me convidando para um abraço e eu caminhei lentamente até ele, ainda incrédula.

Levi era um cerimonial. Ele tem uns trinta e poucos anos e trabalha pros meus pais desde que eu me entendo por gente. Ele é alto, atlético, tem os cabelos castanhos claros sempre arrumados num topete discreto e os olhos verdes. Quando eu era adolescente, todas as meninas da minha idade tinham quedas e crushes em famosos, jogadores de futebol, mas eu tinha uma queda pelo Levi. Pensar que ele estava ali por vontade própria, para me ver, era incrível. Da última vez que nos vimos, eu tinha vinte e um anos e estava muito bem com Diogo. Mas agora, eu estava livre, solteira e desempedida, ou seja, nada me impediria de conquistá-lo ou dar em cima dele. Ou quem sabe, até sair com ele.

-Como você está? -Ele me perguntou.

-Eu estou ótima. -Respondi, ainda meio desconcertada com a sua presença.- O que faz aqui? -Perguntei e ele me mostrou um sorriso que faria qualquer garota suspirar.

-Quer que eu minta ou que eu fale a verdade?

-A verdade, é claro.

-Vim te ver. -Ele respondeu com um sorriso, mas eu acabei rindo e negando com a cabeça.

A CerimonialistaOnde histórias criam vida. Descubra agora