Capítulo 9

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- Você disse Dei? - Meus olhos saltaram. - Como você sabe que me chamo Dei? 

A mudança repentina em sua fisionomia soava como um "Ó-ÓU". 

 - Eu… Quer dizer, você. - Ele coçou a testa. - Com que força você bateu a cabeça na van? Você disse seu nome para mim. Deidara, lembra? 

- Não. - Cruzei os braços. - Não lembro. 

- Você estava confuso, então…

- Mas não disse meu nome para você. 

- Infelizmente disse o nome e muito mais. 

Eu me calei. A verdade é que eu não tinha certeza. Havia dito algumas palavras, mas não me lembrava com clareza de todas elas e não fazia sentido me preocupar com isso agora. O sr. Desperdício sabia meu nome é daí? Eu gostava do meu nome. Tobi achava graça dele. "Deidara, uma argila silenciosa. Não faz sentido por que você é escandaloso, mas combina com você, Senpai."  

Um estranho silêncio pairou sobre nós até que o sr. Desperdício saiu da estrada e entrou num posto de gasolina, na Aldeia da Névoa. Desligou a van longe das bombas de combustível numa vaga camuflada entre os galhos de uma árvore, perto da lojinha de conveniência. 

- Preciso tirar essa roupa molhada. - Puxou o freio de mão. - E você deveria fazer o mesmo. 

- Não tenho outra roupa. 

- Te empresto uma minha. - Ele saltou da van e foi revisar sua mala, no bagageiro atrás de mim. - Toma. - Estendeu uma blusa branca de algodão e calças de moletom. - Vai ficar grande, mas é melhor que um resfriado. 

- Não se preocupe - eu disse, sem me mexer - Tomei a vacina da gripe.

- E daí? 

- Costuma ser eficiente. Além do mais, está calor.

- Vai esfriar na subida para a aldeia. 

- É sério - insisti. - Estou bem assim.

- Dei.. - suspirou. - Sempre teimoso. - Largou as roupas no espaço entre o painel e o pára-brisa. Quando acabou de limpar seu assento, deixou a toalha, para que eu limpasse o meu depois. - E a vacina não previne resfriado. Anda. Pega logo. Ainda estão com a etiqueta. 

Não sei se foi a preocupação carinhosa na voz dele ou a falta de lógica da palavra "sempre". Como assim "sempre teimoso"? Mas eu me rendi e apanhei as roupas. Não sem antes balançar a cabeça, contrariado.

Ergui a blusa pelas mangas, na altura dos olhos.

-- Talvez não fique tão grande - avaliei - Engordei muito nos últimos meses. 

-- Vou comprar alguma coisa para a gente comer. Tô morto de fome. - Jogou no ombro uma camiseta azul e jeans limpos. - E você nunca esteve tão bem, pode acreditar em mim.

Tive a impressão de que, atrás dos óculos de sol, seus olhos me deram uma boa examinada antes de ele bater à porta e começar a se afastar. Fiquei imaginando a cor de suas íris e, num impulso, eu o chamei: 

- Ei!   

Ele voltou. Debruçou-se na janela. 

- Por que os óculos se está nublado desse jeito? - perguntei, sem saber por quê. - Parou de chover, mas mesmo assim… 

Ele pensou por um momento. Fiquei com medo de levar um fora. "E o que você tem a ver com isso?"

- Bem lembrado - foi o que ele disse - Preciso comprar uma caixinha de Band-aid. Cortei o supercílio quando me joguei no asfalto. 

O Azar É SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora