- Você disse Dei? - Meus olhos saltaram. - Como você sabe que me chamo Dei?
A mudança repentina em sua fisionomia soava como um "Ó-ÓU".
- Eu… Quer dizer, você. - Ele coçou a testa. - Com que força você bateu a cabeça na van? Você disse seu nome para mim. Deidara, lembra?
- Não. - Cruzei os braços. - Não lembro.
- Você estava confuso, então…
- Mas não disse meu nome para você.
- Infelizmente disse o nome e muito mais.
Eu me calei. A verdade é que eu não tinha certeza. Havia dito algumas palavras, mas não me lembrava com clareza de todas elas e não fazia sentido me preocupar com isso agora. O sr. Desperdício sabia meu nome é daí? Eu gostava do meu nome. Tobi achava graça dele. "Deidara, uma argila silenciosa. Não faz sentido por que você é escandaloso, mas combina com você, Senpai."
Um estranho silêncio pairou sobre nós até que o sr. Desperdício saiu da estrada e entrou num posto de gasolina, na Aldeia da Névoa. Desligou a van longe das bombas de combustível numa vaga camuflada entre os galhos de uma árvore, perto da lojinha de conveniência.
- Preciso tirar essa roupa molhada. - Puxou o freio de mão. - E você deveria fazer o mesmo.
- Não tenho outra roupa.
- Te empresto uma minha. - Ele saltou da van e foi revisar sua mala, no bagageiro atrás de mim. - Toma. - Estendeu uma blusa branca de algodão e calças de moletom. - Vai ficar grande, mas é melhor que um resfriado.
- Não se preocupe - eu disse, sem me mexer - Tomei a vacina da gripe.
- E daí?
- Costuma ser eficiente. Além do mais, está calor.
- Vai esfriar na subida para a aldeia.
- É sério - insisti. - Estou bem assim.
- Dei.. - suspirou. - Sempre teimoso. - Largou as roupas no espaço entre o painel e o pára-brisa. Quando acabou de limpar seu assento, deixou a toalha, para que eu limpasse o meu depois. - E a vacina não previne resfriado. Anda. Pega logo. Ainda estão com a etiqueta.
Não sei se foi a preocupação carinhosa na voz dele ou a falta de lógica da palavra "sempre". Como assim "sempre teimoso"? Mas eu me rendi e apanhei as roupas. Não sem antes balançar a cabeça, contrariado.
Ergui a blusa pelas mangas, na altura dos olhos.
-- Talvez não fique tão grande - avaliei - Engordei muito nos últimos meses.
-- Vou comprar alguma coisa para a gente comer. Tô morto de fome. - Jogou no ombro uma camiseta azul e jeans limpos. - E você nunca esteve tão bem, pode acreditar em mim.
Tive a impressão de que, atrás dos óculos de sol, seus olhos me deram uma boa examinada antes de ele bater à porta e começar a se afastar. Fiquei imaginando a cor de suas íris e, num impulso, eu o chamei:
- Ei!
Ele voltou. Debruçou-se na janela.
- Por que os óculos se está nublado desse jeito? - perguntei, sem saber por quê. - Parou de chover, mas mesmo assim…
Ele pensou por um momento. Fiquei com medo de levar um fora. "E o que você tem a ver com isso?"
- Bem lembrado - foi o que ele disse - Preciso comprar uma caixinha de Band-aid. Cortei o supercílio quando me joguei no asfalto.
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O Azar É Seu
FanfictionDeidara está parado num engarrafamento, pensando em como sua vida é azarada. Sem emprego, atolado em dívidas, ele não imagina que está prestes a viver a grande coincidência da sua vida. O motorista do carro ao lado está buzinando, tentando se comuni...