Capítulo 39

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O chororô começou na terça à tarde. 

Eis que de repente faltavam menos de 24 horas para eu me despedir de Konoha, e a consciência da partida se abateu sobre a casa.

Tudo que eu fazia, desde uma simples passada de pano nas prateleiras da floricultura, uma espiada pela janela do quarto ou a novela em família, tudo tinha um estranho sabor de “última vez”. 

Na manhã de quarta, com a aparência de quem havia chorado escondido, papai preparou sozinho o almoço para cinco pessoas enquanto eu conferia a bagagem e separava meus documentos. Por volta de meio-dia, Kushina fechou a loja e subiu com a Coca-Cola.

Finda a comilança, papai, Kushina, Itachi e Kisame (que se empanturrou de risoto de brócolis até Itachi dizer “chega”) acompanharam-me até a rodoviária.

O ônibus que me levaria ao aeroporto, já estava parado na plataforma de embarque.

Então papai, Kushina e Itachi choraram mais cem litros, me abraçaram apertado e me fizeram jurar que eu não ia demorar a visitá-los, ainda que isso fosse uma certeza garantida; eu precisaria voltar a Konoha e solicitar um visto de estudante para uma longa permanência na Inglaterra, sobre o qual eu ainda precisava me informar, que mandaria notícias todos os dias, mais de uma vez por dia se a novidade fosse boa o bastante para não poder esperar. 

— Se o teste der positivo, por exemplo — cochichou Itachi no meu ouvido enquanto eu revirava os olhos marejados e dizia a ele que, na fila das pessoas grávidas, quem estava na frente não era eu — Ou quando vocês definirem a data do casamento. Vai ser na fazenda? No próximo outono? 

O voo para Londres estava previsto para às oito da noite. Assim, eu teria tempo de me atirar nos braços de Obito na manhã seguinte, antes da estreia da turnê. Isso, claro, se ele ainda me quisesse. A verdade é que eu não estava cem por cento convencido de que pegá-lo de surpresa era mesmo a melhor opção, como Itachi acreditava:

“Você não pode dizer ‘sim’ por telefone”.

Em busca de uma nova vida, eu tinha apenas um coração cheio de esperança, uma mala de tamanho médio, o endereço dele na carteira e um ingresso para o show de estreia.

Se Obito sequer suspeitava de que, naquele instante, eu estava entregando minha passagem ao motorista do ônibus, era óbvio que poderia ter usado os ingressos de cortesia para convidar os amigos ou (Rikudou me livre) seus oito ex-namorados. E eu não perderia esse show. Não por falta de ingresso. 

Quando o ônibus deu ré na plataforma, grudei a testa na janela. Os quatro ficaram acenando de volta até sumirem de vista. E foi aí que desabei. Lágrimas escorriam pela minha bochecha e nem adiantava secá-las. Em poucos minutos, lá estavam elas novamente.

O padrão se manteve até a serra. E, mais tarde, quando a companhia aérea comunicou que, devido a um problema técnico na turbina da aeronave, todos os passageiros teriam de pernoitar em Kirigakure para embarcar de manhãzinha, chorei foi de decepção e cogitei desistir. 

— Desistir? — O grito de Itachi ecoou no celular e me fez cair de costas no colchão cheirando a Confort, no hotel quatro estrelas oferecido pela companhia aérea — Não me apareça aqui em Konoha sem uma aliança na mão direita, Deidara, ou vou ser obrigado a levá-lo para Londres à força. De helicóptero. E só para você saber, nunca pilotei um helicóptero! 

— Não vai dar tempo — choraminguei outra vez, esfregando o rosto com desânimo — Não vou conseguir falar com ele antes do show. É melhor telefonar e avisar. 

— Nada de telefonar. Pegue um táxi e vá direto para o Acoustic Hall — disse ele — Além do mais, até parece que o Obito não vai querer ficar com você depois do show. 

O Azar É SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora