Capítulo 37

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Itachi estava casado. 

Incrível. Surreal. Inesquecível. 

Meu melhor amigo respondeu “Sim”  diante de quatrocentas testemunhas e agora fazia parte do seleto grupo de garotos que, além de encontrarem um príncipe encantado, viviam com ele o conto de fadas até o fim, felizes para sempre, até que a morte os separe. 

Quando o juiz de paz os declarou marido e esposo e disse “Pode beijar o noivo”, Kisame pegou o rosto de Itachi e olhou para ele com tanta admiração que, por um momento, fiquei constrangido com a intimidade do gesto e precisei desviar os olhos. Houve uma explosão de aplausos e assobios. Olhei para Obito ao meu lado. Ele aplaudia e olhava para mim, tão emocionado quanto eu. 

O sol havia morrido no horizonte. No céu da Fazenda Vermelha, o halo dourado se apagava lentamente, quando fizemos o caminho de volta. Itachi e Kisame à frente do cortejo, inclinados sob a chuva de arroz. Obito apertando meu braço com mais força que da primeira vez. 

— Parabéns! — Abracei Itachi quando enfim chegamos à área reservada para a sessão de fotos. — Você vai ser feliz, muito feliz! Não chora... 

— Eu nunca choro! — disse ele, resoluto, e saiu do abraço, fungando e com as bochechas vermelhas. — Eu não vou chorar — Uma coceira se espalhou pelo meu nariz. — E você também não! 

— Kisame, meu amigo... — Tobi apertou a mão do cunhado como se quisesse esmagar os ossos dele. — Se você fizer alguma sacanagem com o meu irmãozinho... 

— Nunca. 

— Bem, já sabe. Quebro uma guitarra na sua cabeça. E isso inclui qualquer sacanagem. 

Itachi e eu nos entreolhamos. E rimos baixinho. De rádio e prancheta na mão, a responsável pelo cerimonial selecionava os convidados que se aproximavam da área reservada, “Você pra cá, você pra lá. Cumprimentos só na festa, não insista” com a autoridade de um general. 

Aos poucos, juntaram-se no mini estúdio, o Dr. Fugaku Uchiha (fumando um cigarro atrás do outro), Hana (de chapéu e vestido azul-turquesa cravejado de pedras), os pais e o avô de Kisame, a irmã dele com o marido e os parentes mais próximos. 

— Dá para ir mais rápido com isso? — reclamou Obito, fazendo cara feia para as câmeras enormes, já viradas para nós — Meu estômago está roncando. 

Se a reclamação tivesse partido de qualquer outra pessoa, a General Prancheta na Mão provavelmente teria ignorado o comentário. Mas partiu do Obito. Então ela olhou para ele, toda faceira, e esboçou um sorriso gentil. 

— Não vai demorar — disse ela,  sorrindo de novo. — Eu prometo. 

— Olha lá o Izuna! — Indócil, Tobi apontou para o salão de vidro, para onde os demais convidados se dirigiam naquele momento, ao som do órgão, servindo-se dos drinques oferecidos no caminho — Com um Jack Daniel’s na mão! Está rindo, o imbecil do meu primo. É tão injusto! 

— Relaxa — Itachi deu um tapinha complacente no peito dele — Os últimos que entram na festa são os primeiros no meu coração. 

— Todos prontos? — perguntou a General. 

— Mikoto! — A voz de Itachi irrompeu de repente — O que você ainda está fazendo do outro lado da corda? Anda! Sobe logo! — E murmurou para Tobi: — Fique de olho no degrau para ela não se atrapalhar com os saltos. 

Obito levantou o cordão de isolamento e puxou Mikoto. Ela vestia um vestido azul-claro de alta-costura, presente dos Uchiha, sem dúvida. Obito se inclinou e agarrou Mikoto, beijando sua bochecha, como se ela já não estivesse sem graça o bastante. 

O Azar É SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora