Capítulo 35

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Eu não posso dizer que o plano era ruim. Mas boçal e sem um pingo de originalidade, ah, isso era! 

Mais simples que aquilo só se eu abaixasse as calças e oferecesse minha bunda a tira-teima. Até Homer Simpson teria tido essa ideia. 

— Ah, é? — Já na sala, Obito cruzou os braços — Então é assim que você me agradece, Deidara Namikaze? Pois saiba que, depois da onça morta, todo mundo é caçador. E deixe o Homer fora disso. 

— Quem vai ficar de fora aqui é você. 

Eu o empurrei com toda força em direção às escadas enquanto ele gritava “Até amanhã, Minato-san” por sobre meus ombros. Gente... Como ele era pesado! Que peito duro! Seria mais fácil empurrar uma estante cheia de livros.

Bati a porta na cara sorridente dele e passei todas as chaves e trincos disponíveis. Uma chave e um trinco, na verdade. Precisávamos aumentar a segurança daquele lugar. 

— Não sei qual é o assunto. — Deitado no sofá, papai zapeava pelos canais de televisão, todos em verde e amarelo. — Mas ele tem razão. Sobre o ditado da onça. 

Fui para o quarto cuspindo marimbondo (onde estava a minha torcida organizada?), louco para despejar no e-mail o plano de quinze palavras que, minutos depois, retornava à minha caixa de entrada num berro mudo: “QUEM FOI O GÊNIO QUE DEU ESSA IDEIA?”, Sasori comemorou em caps lock, numa clara demonstração de que a falta de criatividade interfere negativamente na impressão que as pessoas têm do mundo à sua volta. Enfim... Cartas lançadas. Agora era esperar. 

Naquela noite, dormi como um bebê, respirando o cheiro de Obito impregnado em meus lençóis e no ursinho, de que não desgrudei.
Parecia contraditório (oh, que grande novidade na Vida Real do Deidara!), se há poucas horas eu o havia expulsado da minha casa.

Mas eu tinha de admitir que, independentemente dos meios torpes que ele tinha usado para ficar sozinho comigo naquela tempestade medonha, para me fazer ouvir e principalmente para me fazer falar, a gente precisava mesmo de uma conversa decente. 

Eu me sentia aliviado. Mais do que isso. Eu me sentia satisfeito.

E não apenas porque havia me alimentado muito bem antes de vestir o pijama, devorado os dois pedaços de bolo de chocolate com chá de erva-doce que meu pai (retiro o que disse sobre não ter torcida organizada) levará na cama para mim.

Não. Eu me sentia satisfeito por ter conseguido me expressar sem a máscara da raiva que em outras discussões fizeram dos meus argumentos meros chiliques adolescentes.

Agora, pelo menos, Tobi sabia exatamente como eu me sentia. Era um começo.

Tanto que, no café da manhã, cheio de disposição, comuniquei aos presentes que havia pensado melhor e que autorizava a entrada de Obito na floricultura (e apenas na floricultura), uma vez que, dada a correria e a quantidade de trabalho que nos aguardava, qualquer ajuda seria bem-vinda. 

Papai ergueu os olhos da Tribuna. 

— Foi só isso que te fez mudar de ideia? 

— Ele tem lá sua serventia. — Lambi a colher do iogurte. — Até que é um bom amigo. 

— O Obito é um amor! — intrometeu- se Kushina, curvada sobre o escorredor de louças em cima da pia, secando as mãos no pano de prato — Aliás, o Itachi também é. Admiro a criação que os dois tiveram. 

Ô! Era de se admirar! Palmas para Mikoto.

— Bom dia para quem fica. — Com a expressão de repente carrancuda, papai deixou a mesa. — Kumogakure me espera. 

O Azar É SeuOnde histórias criam vida. Descubra agora