Faltando precisamente 45 minutos para o horário combinado, enfiei o brinco na orelha e terminei de me arrumar. Eu estava pronto. Cabelo penteado, dente escovado, anti-séptico bucal bochechado. Com 45 minutos de antecedência.
Ah, caramba! O nome disso era ansiedade mesmo e me fez lembrar a época em que Itachi e eu nos trancávamos no quarto dele, no segundo andar da Dream House, para nos arrumar para as festinhas do colégio. As famosas festas hi-fi nada mais eram do que meninas para um lado, meninos para o outro, e quanto mais longe uns dos outros melhor. Salgadinhos, cerveja sem álcool e hits da Britney Spears e da Lady Gaga com o inesquecível Bad Romance.
— Se o Kisame ficar encarando o traseiro da Kaoru de novo, juro por Kami: viro uma bandeja de salgadinhos na cabeça dela — disse Itachi certa vez. Ele estava sentado na cadeira giratória do seu computador enquanto eu passava a chapinha da Hana no seu cabelo. Itachi sempre foi muito cuidadoso com as próprias madeixas. Segundo ele, "não adianta só ter cabelo, tem que cuidar". — Isso se o Kisame for à festa hoje. Ainnn, será que ele vai?
— Você devia virar uma bandeja de salgadinhos na cabeça dele.
— Enlouqueceu? O Kisame não tem culpa de ser tão fofo.
Eu não fazia a menor ideia de onde estava a lógica daquela resposta. Mas fiquei muito quieto, com medo de irritar Itachi e fazê-lo se queimar ao menor movimento. Quando trocamos de posição, ele continuou:
— Coxinha de galinha. Pingando gordura.
— Coxinha de galinha? — perguntei.
— É o que vou virar na cabeça da Kaoru.
É claro que ficamos prontos com uma antecedência enervante. Depois da longa espera, Itachi e eu descemos as escadas aos pulos. Lembro-me de Obito, deitado no sofá da sala, desviando os olhos preguiçosos da tevê ligada nos Simpsons, e provocando:
— Já passei desse ridículo.
Depois, finalizou com uma piadinha a respeito do modelo-padrão de nossos cabelos e roupas. E, como sempre, zombou da expectativa fervilhante que Itachi tinha de encontrar aquele menino na festa.
— Enquanto você não parar de correr atrás do Kisame, ele não vai correr atrás de você — disse ele. E bateu no peito: — Escute o seu irmão.
— Ooooh! — Itachi soltou uma exclamação tremida. — Falou a voz da experiência! Não sou eu que prefiro ficar olhando a cara amarela do Homer Simpson num sábado à noite.
— Ah, cai fora.
Em momentos assim, se o dr. Fugaku Uchiha estivesse na sala (o que raramente acontecia), mandaria Obito ficar quieto e parar de encher o saco de Itachi, o caçulinha xodó. Mas, irritações e briguinhas à parte, a verdade é que os dois irmãos eram como unha e carne, principalmente quando terceiros (incluindo os pais) entravam na história e a coisa realmente esquentava. Obito, com sua tranquilidade e bom senso, defendia Itachi com mais bravura do que defendia a si mesmo.
— Dei? — Ele apoiou o cotovelo no sofá, virando o corpo para me olhar. — Deixa eu ver você direito.
Eu corei.
— Sabe — disse ele. — Você podia ficar em casa. Aqui em casa.
— Por quê?
— Ele não vai estar lá.
— Ele quem?
— Ele. — E exibiu os dentes metálicos. — Simplesmente.
Eu não sabia de quem ele estava falando. De todo modo, tinha razão. No meu caso, o menino para quem eu me arrumava era ele próprio e minha empolgação evaporaria tão logo eu saísse pela porta da sala e a sessão de embelezamento perdesse o sentido.
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O Azar É Seu
FanfictionDeidara está parado num engarrafamento, pensando em como sua vida é azarada. Sem emprego, atolado em dívidas, ele não imagina que está prestes a viver a grande coincidência da sua vida. O motorista do carro ao lado está buzinando, tentando se comuni...