Capítulo 9

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- Doutora

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- Doutora. - O juiz fala, encarando todos os presentes. - Qual foi o resultado?

- Definitivamente, com uma assistência profissional e terapia psicológica, a menor pode entender perfeitamente o que aconteceu e isso poderia evitar os danos que a mãe da menina tanto teme.

- Então... - Olho para a advogada que está do outro lado do caso, curioso com os seus argumentos. - Você reconhece que tem uma possibilidade de que sofra algum tipo dano e traga problemas para a criança.

- Sim, mas com uma terapia adequada pode ser evitada.

- Muito bem. - O juiz comenta, olhando seu livro. - Pode se retirar. Muito obrigado, doutora. - Esperamos em silêncio que ela saia e olho para a minha cliente, que fica ansiosa na cadeira dela.

- Os advogados têm mais alguma coisa a dizer antes de ser dita a sentença?

- Senhoria. - Novamente, a advogada rival se levanta. - Quero acrescentar, que o que a minha cliente quer, é que a filha saiba a verdade. Porém, apenas quando ela for maior de idade. - Franzo o cenho. - Para que assim ela decida por si mesma, se quer conhecer seu pai ou não.

Esse caso é algo realmente complicado. É estranho como, mesmo de tantos anos de evolução humana, ainda tenha pessoas que não são a favor da transexualidade e aquela cliente é a prova viva disso.

- Muito obrigada, senhor juiz. - Ela se senta e me levanto rapidamente.

- Por último... - Abro e fecho a minha caneta, encarando o juiz. - Eu gostaria de deixar claro, que a minha cliente tem o direito de conhecer a filha e está atuando de boa fé ao querer reconhecê-la. - Olho para todos. - E a lei torna isso seu direito. Isso é tudo, vossa senhoria, obrigado. - Me sento, cruzando o olhar com a advogada rival.

- Agora quero escutar o que a senhora Marta e a senhora Angelina têm a dizer. - Ele olha para elas. - Têm algo a dizer?

- Senhor juiz. - A outra cliente se levanta. - Por favor! Eu peço a você que não faça esse... - Ela aponta para minha cliente. - Esse tipo, possa conhecer minha filha. Vai lhe causar muito dano!

- Marta, acalma-se! - Sua advogada lhe diz. - Senta-te!

- Senhora Angelina, estou lhe escutando. - O Juiz se vira para minha cliente.

- Sua senhoria. - Olho para ela com receio. (Que não estrague tudo) - Eu não quero conhecer a minha filha para machucá-la... Ao contrário, eu quero dar a ela o meu sobrenome e todo o dinheiro que poder dar. Não a quero deixar desprotegida. Obrigada. - Aceno em concordância para ela e a mesma sorriu.

- Não pode ser! - A outra mãe fala alto. - Olhe, senhor juiz! OLHE! MINHA FILHA NÃO PRECISA DE NADA. O ÚNICO QUE ELA PRECISA, É DE DISTÂNCIA DESTE SENHOR, OU SENHORA!

- Marta! Sente-se e se acalme! - A advogada lhe adverte. - Tranquiliza-te, assim não estás a ajudar.

- Dado a complicação do caso, vou sair por um momento e avaliar tudo com clareza e ditar a sentença. - O juiz bate com o martelo e se coloca de pé, como todos nós.

Ele sai e fico relatando para a minha cliente as possibilidades de tudo o que pode se passar e depois de alguns minutos, o anunciante se levanta e comunica:

- Todos de pé. - Fazemos isso e logo o juiz dá entrada na sala.

Assim que ele se senta fazemos o mesmo e esperamos ele começar a ditar a sentença.

- Depois de avaliar todos os argumentos e revisar os exames da médica de psicologia. - Ele faz uma pausa. - É decidido, em base no que estabelece a lei, que a senhorita Angelina, o pai da menor, tem o direito de conhecer sua filha. Assim como a menor, tem o direito de levar o nome do seu pai. - Sorrio vencedor.

- NÃO, NÃO, NÃO! - A senhorita Marta, volta a se levantar. - Não pode ser! Não pode ser.

- Acalme-se, Marta!

- A lei é muito clara nesse sentido, senhora! Nem a diferença sexual, nem a preferência nos fazem diferentes perante a lei! - Aceno com a cabeça vitorioso, concordando com o juiz. - Declaro encerrada a audiência! - Ele bate o martelo novamente e nos levantamos, vendo ele sair.

- Ganhamos! - Minha cliente me encara agradecida e eu aceno, dando um sorriso franco. - Isso quer dizer que vou poder conhecer a minha filha?

- É isso mesmo, Angelina. - Aceno com a cabeça. - Ganhamos.

- VOCÊ ME DÁ NOJO! - A outra mulher grita e eu levo a minha cliente para fora de lá.

- Obrigada mais uma vez, senhor Hossler.

- É o meu trabalho. - Ele olha o relógio. - Foi um prazer defender seu caso.

- Muitas felicidades, Raphael. - Escuto a voz atrás de mim, a da outra advogada e sorrio, apertando a mão que ela me ofereceu.

- Obrigado, mas você também teve ótimos argumentos. - Ela sorri.

- O melhor desse caso é que pude conhecer você muito melhor. - Levanto uma sobrancelha curioso.

- Igualmente. - Solto sua mão e encaro a minha cliente novamente, que sorri. - Mas por um momento pensei que ias ganhar o caso.

- Não, eu tenho que reconhecer que os teus argumentos foram de longe melhores. - Sorrio. - Fez um grande trabalho, advogado.

- Muito obrigado, advogada. - Era só eu querer, que ela estaria numa sala comigo.

- E queres comer alguma coisa?

- Eu queria, mas não posso. - Mentira, eu posso. Porém quero muito observar uma certa moça aleijada em minha casa. - Foi um prazer te conhecer. - Seguro sua mão. - Mais uma vez, com licença.

Saio dali e entro no meu carro, com a intenção de ficar um pouco com os meus filhos. Porém, antes de arrancar com o carro, escuto meu celular tocar e ligo o mesmo, vendo uma ligação da minha irmã. Atendo o mesmo e coloco no viva-voz, ligando o carro.

[Chamada On]

- Sarah?

- Hey, maninho. - Ouço ela mexer em algo do outro lado da linha. - Podes passar na casa da senhora com quem a Megan mora? - Franzo o cenho.

- Porquê? Aconteceu algo?

- Não, nada. Porém a Megan precisa de roupas e acho que ela não se sente lá muito à vontade com as minhas. - Rio e aceno.

- Com certeza, não!

- Hey! Eu não tenho culpa de gostar de mostrar os meus atributos. - Rimos juntos e enquanto viro o carro numa curva.

- Onde ela mora?

- Vou mandar o endereço por mensagem, aí você se vira.

- Tudo bem. - Rio. - Até mais.

[Chamada Off]

Espero a mensagem e sem ela demorar muito abro a mesma, não conhecendo o bairro, mas me viro com o GPS. 

De repente, babá | Família Hossler - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora