Capítulo 15

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- Por isso é que eu vim cá

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- Por isso é que eu vim cá. Eu já estou me recuperando e já posso voltar para o meu trabalho. - Sorrio para a dona Vera, mãe do Francisco e minha patroa. - A perna e o braço ainda não estão totalmente bons, mas eu ajudo no que for preciso. Não precisa se preocupar com isso. - Ela me encara sem expressão e então se senta na sua mesa.

- Eu não estou preocupada, Megan. - Ela sorri para mim. - Temos aqui a Marina nos ajudando. Ela já fez a formação. Já conhece os procedimentos. - Dá de ombros. - É muito esforçada, muito simpática e eu estou muito satisfeita com o trabalho que tem feito.

- Que bom. - Dou um sorriso verdadeiro para ela. - É ótimo que tiveram ajuda. Mas agora quando quiser já sabe, eu posso voltar.

- Você não está a entender. - Ela sorri de forma amarga, cruzando as mãos em cima da sua mesa. - Não é, Megan?

- Não estou a entender o quê? - Franzo o cenho, confusa.

- Não é a Marina que vai embora, Megan... É você! - Arregalo os olhos sem acreditar.

Como assim sou eu? Eu... meu deus...

Caminho até a uma das cadeiras na sua frente e me sento nela com o coração nas mãos.

- Está me demitindo? - Olho a mesma de forma desiludida.

Não acredito que isso esteja a acontecer.

- Exatamente! - Ela fala cortante, olhando meus olhos que agora estão cobertos de lágrimas, com raiva.

- Não me pode fazer isso...

- Já fiz! - Ela está tão fria que posso sentir minha pele gelando. - E eu não mudarei de ideias.

- Mas a dona Vera sabe que preciso desse emprego. - Deixo as lágrimas escaparem.

É certo que já não tenho dívidas, mas ainda preciso de dinheiro para sobreviver. Se eu ficar sem esse emprego, sabe-se lá quanto tempo levarei para achar outro..

- Eu tenho muita pena, Megan. - Ela dá de ombros. - Você terá que encontrar outra alternativa. Aqui na pizzaria, já não é uma opção.

- Olha que sinceramente não esperava isso de você! - Choro, negando com a cabeça. - Não estava à espera mesmo. Apesar de tudo a dona Vera sempre foi uma patroa justa. Eu SEMPRE fiz o meu trabalho. - Passo a mão no rosto e olho seus olhos. - Eu não tenho culpa de ter faltado esses dias.

- Não por você ter faltado, Megan. - Franzo o cenho, ficando ainda mais confusa. - É pelo mal que você fez e continua a fazer com meu filho. - Trinco o maxilar, sem poder acreditar.

Estou sendo demitida de meu trabalho de anos, por conta de não retribuir os mesmo sentimentos que meu melhor amigo tem por mim?

- Eu não tenho culpa. - Nego com a cabeça.

-Se você tem, ou não. Não me interessa. - Ela cruza os próprios dedos uns nos outros. - Desde que você veio trabalhar na pizzaria, o meu filho nunca mais foi o mesmo. Só vê Megans por todo o lado. Megan... Megan... - Ela gesticula com as mãos. - Megan, para aqui. Megan, para acolá. Ele dorme pensando em você.. Acorda a pensar em você. Ele passa o tempo TODO a pensar em você. - Ela suspira. - E você, Megan. Você partiu o coração do meu filho. Ele anda aí! - Aponta com a cabeça para o outro lado da porta atrás de nós. - A choramingar por todos os lados... E eu não consigo mais ver o meu filho nesta comissão toda.

- Eu adoro o Francisco. - Solto um soluço ferido. - Não era minha intenção machucar ele.

- Mas de boas intenções, está o inferno cheio. Isso já dizia meu avô! - Ela sorri amargamente. - Você não quer nada com ele e isso é porque você é burra! É você quem perde. - Dá de ombros, enquanto a ouço em silêncio. - Mas também aqui você não trabalha mais! Dessa vez, quem te está a demitir não é a sua patroa. É a mãe do Francisco!

- Muito bem. - Limpo o meu rosto e me levanto. - Sendo assim, eu não estou a fazer nada aqui.

- Pois, você não está! - Ela vira o rosto para a parede. - Boa viagem. - Suspiro e ando até à porta. - Ah, mais uma coisa, Megan. - Antes de abrir a porta esperei ela falar, mas não olho para ela. - Não fique preocupada, você vai receber tudo aquilo a que tem direito. Vai receber uma demonização de falta de aviso prévio, as suas férias não mesadas. Você vai receber tudo. - Nego com a cabeça, voltando a chorar. - Posso ser uma mãe feroz, Megan! Mas sou uma patroa muito justa. - Solto um suspiro longo e saio do escritório, com o coração aos pedaços.

Ando para fora da pizzaria, mas escuto a voz do Francisco atrás de mim e solto um longo suspiro.

- Então... - Ele se coloca na minha frente, sorrindo. - Como foi? Vai voltar a trabalhar quando?

- Eu não vou, Francisco. - Forço um sorriso. - Pedi demissão para a sua mãe, sabe? - Eu nunca falaria para ele que ela me despediu. Não quero nem ver o que aconteceria se pronunciar tais palavras.

- Você pe-pediu demissão? Mas porquê?? - Ele arregala os olhos.

- Acho que seria melhor se a gente ficasse longe um do outro durante uns tempos.

- Mas... - Ele franze o cenho. - Porquê? Você não acha que está sendo radical demais? Tipo, eu sei que precisas desse emprego, mas você se demitir por um beijo...

- Não é por isso, Francisco. - Forço outro sorriso. - Acho que quero trabalhar em outro lugar, explorar novos ares. - Dou de ombros. - Ainda para mais já não tenho aquela dívida, sabe? Quem sabe eu não possa juntar dinheiro para aquela bolsa em Londres que sempre quis?

- Mas a pizzaria não pagava bem? Podemos aumentar o salário e...

- Não, Francisco. - Sorrio. - Mas é que eu quero fazer coisas diferentes, ok?

- Bom.. - Ele sorri. - Mas se é para seguires o teu sonho de cantora depois de você explorar esses outros trabalhos, eu apoio você. - Sorrio e aceno.

- Obrigada. - Aceno e mordo o lábio, vendo a mãe dele sair do escritório. - Eu tou indo! - Sorrio, tocando seu braço e saio dali, sem rumo e sem saber o que fazer a partir de agora.

De repente, babá | Família Hossler - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora