Capítulo 31

687 54 2
                                    

- Como pode ver, os sobrinhos da minha cliente estão bem entregues

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- Como pode ver, os sobrinhos da minha cliente estão bem entregues. - Falo guardando as fotografias da casa da minha cliente. - Vivem numa casa com todas as condições de conforto, continuam a frequentar a escola, mantém as rotinas que tinha antes do incidente com os pais e têm várias pessoas cuidando deles diariamente. - Coloco a mão nos bolsos e olho para a mulher na minha frente de forma formal.

- A casa tem ótimas condições. Disso não há dúvidas. - Dá de ombros. - Mas mesmo assim tenho que ver pessoalmente.

- Muito bem. É só eu marcar com a minha cliente. - Dou de ombros. - E depois a decisão deve ser rápida. Estou certo?

- A decisão não depende só das condições em que as crianças vivem, Raphael. Estamos a falar de menores. - Ela debocha. - É fundamental que elas tenham pessoas de confiança na roda deles.

- A minha cliente é tia deles, irmã da mãe.

- Certo... mas convenhamos que ela não tem propriamente uma vida estável. Passa a maior parte do tempo trabalhando e para além de que ela não tem experiência com crianças, de acordo com o que me contou.

- A minha cliente tem sua família para a ajudar. Elas estão lá a tempo inteiro. É quase como a Megan... Elas apoiam ela, como a Megan me apoia com meus filhos.

- Não deves ter percebido muito bem aquilo que eu te falei à pouco... Eu acho que a presença da sua Megan... - Sorri. - Não ajudará em nada nesse processo. Ela nem tem que ser colocada no assunto. Bom... - Como se a mesma adivinhasse que falávamos dela, a Megan passa pela sala, indo até às escadas. - Depois falamos melhor sobre esse assunto. Agora tenho que ir porque tenho outra visita marcada. - Ela coloca a malinha no ombro e se levanta.

- Mas vais embora assim? - Franzo o cenho. - Sem me dizeres o que você vai escrever na porcaria do relatório?

- Calma... temos tempo. - Ela ri. - O processo está ainda agora a começar. Eu depois entro em contacto com você. Ainda temos muito o que conversar. - Reviro os olhos e procuro o olhar da Megan, que nos encara séria e com a minha filha Any do lado.

Droga.

- Está tudo bem? - Minha pequena pergunta, franzindo o cenho.

- Sim, querida. - A Megan se aproxima rapidamente, segurando ela pelos ombros. - A Mara é a amiga do seu pai e veio cá falar com ele.

- Sim... - Suspiro. - Mas ela já está de saída. Não é? - Faço uma pergunta retórica para a mesma e ela revira os olhos.

- Olá... - A mesma sorri para minha filha. - Você deve ser a Any... a mana mais velha. Certo? - Trinco o maxilar e encaro a Megan pedindo socorro.

- Sim... sou a Any. - Minha filha responde de cenho franzido.

- Muito prazer, Any. Eu sou a Mara... sou assistente social do novo caso do seu pai. - Fecho os olhos com força.

- Muito prazer. - Any fala educada e a Mara sorri, saindo na direção da porta.

Fecho ela rapidamente e ando até às duas mulheres na minha frente.

- Queria perguntar se vocês queriam brincar de futebol comigo e com os manos, mas pelas vossas caras não sei. - A Megan sorri e me encara.

- Nós adoraríamos, querida. - Aperta sua bochecha direita. - Você vem, Raphael? - Ela fala de forma fria e mordo o lábio. (Espero que ela não esteja chateada pela Mara.)

Apenas aceno e caminhamos para fora de casa, indo para o jardim.

[...]

Me sento ao lado de Megan no gramado e suspiro, vendo ela ler um livro e nem sequer me olhar.

Ela está claramente agindo como se não estivesse aqui sentado do seu lado... Incrível.

- Podemos conversar? - Falo baixo, encarando meus filhos que continuam a brincar à bola.

- Diz... - Ela fala cortante e suspiro.

- Mas você pode parar um minuto e olhar para mim? - Falo incrédulo. - O que se passa com você, Megan? Você mal me dirige a palavra..

- Você sabe perfeitamente o que é que se passa. - Vira a página do livro. - A presença daquela... assistente social. - Revira os olhos e me olha rapidamente. - Ela me tira do sério. - Volta a olhar o livro e suspiro frustrado.

- E a mim também. - Sussurro, olhando meus filhos ainda longe. - Ou achas que eu me sinto mais confortável? - Ela me olha confusa e sorri debochando.

- Mas não fui eu que tive um caso com ela. - Dá de ombros. - E não estou a colocar em causa o bem estar dos sobrinhos da sua cliente. São crianças que podem sofrer nas mãos daquela mulher.

- E como é que eu poderia adivinhar? - Pergunto, incrédulo. - A Mara foi um erro na minha vida. Mas todos nós erramos. - Encaro o fundo de seus olhos. - Eu agora estou de mãos e pés atados. Eu não posso fazer nada!

- Eu... - Ela me encara e morde o lábio. - Nem quero imaginar o que ela é capaz de fazer...

- Não sofras por antecipação, Megan. A razão está do lado da minha cliente e a Mara vai se limitar a fazer o trabalho dela. Vou ouvir umas bocas? Sim. - Falo um pouco mais alto, chamando a atenção de meus filhos e suspiro. - Ela vai me chatear até onde poder? Sim. Mas ela não vai fazer mais do que isso Megan, não vai. - Falo comovido. Ela não conhece a família, nem as crianças, mas mesmo assim se preocupa com elas. - Me dá um abraço.

- Eu não vou abraçar você, Raphael. - Ela se afasta de mim e suspira. - Enquanto ela tiver com esse caso nas mãos, nós vamos ficar longe um do outro. Bem longe um do outro. - Ela olha seu livro. - Não vou fazer umas crianças sofrerem por ciúmes de uma assistente social louca. - Ela se levanta. - Eu não vou. 

De repente, babá | Família Hossler - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora