Capítulo 52

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- Mas você prometeu que nunca mais ia embora!! - Matilde corre de perto de mim e se agacha num canto da sala

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- Mas você prometeu que nunca mais ia embora!! - Matilde corre de perto de mim e se agacha num canto da sala.

Mordo o lábio, controlando as minhas lágrimas e vou até ela com medo de algo lhe passar.

- Sabe o que é... - Coço a garganta. - A senhora com quem moro... Ela... Ela está doente e precisa de mim, entende?

Ótimo... mentindo para uma criança.

- Mas eu também estou doente, Megan... - Fecho os olhos com força e seguro suas pequenas mãozinhas.

- Sim e eu não vou deixar de vir ver você. Porém, a tia Miquinhas, ela já é velhinha e precisa de companhia e vigilância super máxima. - A mesma parece ficar mais calma e olha nos meus olhos com tristeza.

- Você teria que ficar com ela por pouco tempo? - Sorrio sem jeito e dou um beijo em sua mão.

- Claro, seria só até ela ficar boa. Mas depois eu sempre vinha visitar você regularmente, quando ela estivesse melhor... e mesmo neste tempo que estiver a cuidar dela. - Mordo o lábio. - Era só você pedir para a Any ou o Thomas me ligar que viria. E claro, poderíamos falar por chamada de vídeo.

- Eu não vou conseguir ficar longe de você, Megan... Você é como a minha mamãe. - Fico tensa, olhando a menina com carinho. - Mas se a vavó Miquinhas precisa. - Sorrio com a forma que ela lhe chama. - Se ela precisa, eu posso emprestar você.

- Oh, minha pequena... - Puxo ela para meus braços e tento ao máximo segurar as minhas lágrimas. - Eu amo você, princesinha do meu reino.

 - Eu amo você, princesinha do meu reino

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Não vi a Megan pelo resto do dia.

Estou arrependido pelo que eu falei? Estou.

Fui um burro e não tenho mais volta? Mas com toda a certeza.

Queria ter encontrado com ela depois daquela discussão, para tentar me redimir. Eu nem sei porque mandei ela embora, mas espero que ainda tenha tempo de fazer isso não acontecer.

Subo as escadas para o quarto da minha princesinha e vejo ela com um pequeno envelope nas mãos. Com o cenho franzido ando até ela e sorrio ainda com desconfiança.

- A princesa dá licença para eu poder me sentar? - Ela dá um pulo na cadeira e logo sorri abertamente.

- Sim, papai. - Sorrio e puxo uma cadeira, observando o envelope cor de rosa.

- Você não me diga que já recebeu cartas românticas sendo tão nova. - Falo tentando obter respostas e ela ri, me encarando.

- Não... É a carta que a Megan me deixou.

A carta que a Megan lhe deix...

Não!

- Como assim, filha? - Levanto uma sobrancelha, confuso.

- Megan foi cuidar da avó Miquinhas, papai. Não sabia?

Ela foi embora...

Eu fiz a mulher que amo ir embora.

- E... e já tentou ler? - Um aperto no meu coração fica cada vez mais forte.

- Não... - Suspira. - Mas sei que não vou conseguir, ainda sou muito pequena para isso. Você me ajuda, papai?

- Claro... - Mordo o lábio sem jeito e tento mudar o clima com uma piada. - Eu não trouxe os óculos de ler.

- O pai só usa eles para ler o jornal! - Rio sem muita animação e pego o envelope de suas mãos, tirando a folha da mesma cor, só que mais escura de dentro.

- Bom... - Coço a garganta. - Vamos ver... - Mordo o lábio.

[Carta On]

Para a princesa mais linda do meu reino.

Querida Matilde, a vida é como uma história cheia de peripécias e reviravoltas. Há sempre um pássaro que nos come as migalhas, ou uma bruxa que nos envenena a maçã. Mas todas essas coisas acontecem por uma razão: Para nos fazer crescer e aprender.

[Carta Off]

Fico encarando o parágrafo, sentindo o tamanho de suas palavras e mordo o lábio.

- Continue, pai! - Olho minha filha e suspiro.

[Carta On]

A minha história deu mais um trambolhão, mas você sabe que eu sou a fadinha das cambalhotas. Quando caio, rebolo e torno a me levantar outra vez. E você também sabe fazer isso que eu sei, e eu tenho muito, muito orgulho em você.

Toma conta dos manos e do seu papai, porque eles precisam muito do seu sorriso. Eu prometo visitar você sempre, e pensar em você toda a hora.

Um beijinhos nessas bochechas fofas,

Megan.

[Carta Off]

Deixo a folha cair na mesinha pequena de chá e olho a mesma pousada.

- Olhe o que a Megan me deixou, papai! - Levanto a cabeça e encaro um pequeno pote de vidro colorido em suas mãos. - Um esmalte para meninas grandes e só para mim.

Sorrio com a minha pequena e passo a língua em meus lábios ressecados.

- Ui... - Coço a ponta do meu nariz. - É muito lindo, princesa do pai.

- você pode pintar as unhas para mim, papai? - Arregalo os olhos sem jeito e arrumo minha gravata.

- Posso tentar...

- Você pinta as minhas e eu pinto as suas. - Sorri com um olhar triste e nostálgico. - Era assim que eu fazia com a minha mamãe.

Franzo o cenho sem entender.

- Como você disse? - A mesma dá de ombros e encara o esmalte.

- A Megan... ela é como uma mãe para mim, papai.

Aquilo é como um baque em meus ouvidos e coração.

Olho no fundo dos olhos da minha filha, sem palavras.

- Você considera a Megan uma mãe para você?

- Sim. - Sorri triste. - Ela cuida de mim, brinca comigo e sempre fica comigo. É isso que as mães e os pais fazem, não é papai? - Engulo em seco e aceno, ainda atônito com o que acabei de escutar.

- Sim, princesa. - Falo pensativo. - É exatamente isso que as mães fazem.

Ela sorri e me entrega o esmalte.

Eu deixei a nova mulher da minha vida escapar por entre meus dedos. Tudo por conta da Mara.

Eu sou um burro.

De repente, babá | Família Hossler - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora