Capítulo 32

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Encaro o meu suco na minha frente e suspiro, levantando o olhar para o mar na minha frente

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Encaro o meu suco na minha frente e suspiro, levantando o olhar para o mar na minha frente.

Eu não sei o que se está a passar comigo. Numa hora eu estou bem com o Raphael, quero ele por perto e em outra, quero ele tão longe. Isso tudo por imaginar ele com aquela mulher o ameaçando com aquelas crianças que não têm nada a haver com a dança.

Marquei de me encontrar com o Francisco. Ele é meu melhor amigo e apesar de tudo, sei que ele me entende, mas claro que a minha ideia sobre "nós", não mudou. E na realidade, ouvi dizer que ele estava tendo um caso com a Alexa lá de casa. A garota que tem infernizado a minha vida.

Sim, eu sei que quem quase colocou fogo na casa foi ela, mas mesmo assim, ainda acho que a culpa foi minha. Afinal, quem deixou o forno sozinho? Exatamente, euzinha. Mas esse caso entre eles é ótimo, pode fazer esse gelo que eu coloquei entre nós derreter, mas sem aqueles sentimentos parvos que ele desenvolveu por mim.

Sinto uma mão no meu ombro e sorrio ao ver o mesmo. Ele se senta do meu lado e encara o mar também, sorrindo de lado.

- Oi. - Ele fala alegre e a sua cara se fecha ao ver a minha desanimada. - Você quer me contar sobre o que te está a preocupar?

- Eu não sei... - Sussurro e respiro fundo, fechando os olhos por uns minutos. - Não sei...

O mesmo acena e puxa os joelhos para seu peito, apoiando as mão entrelaçadas nos mesmos.

- Megan... - Olho o mesmo e ele sorri. - Desabafa. Vai fazer bem para você. - Nego com a cabeça e suspiro.

- É a minha vida. Ela deu uma volta... - Aperto a garrafa do suco em minhas mãos. - Eu já nem sei quem sou.

- Eu percebo você. - Ele me sorri com carinho e fixo meu olhar no seu. - Com essa ida para a casa dos Hossler, você com um peso enorme em cima dos ombros. Você que não era mãe, acabou por ganhar cinco filhos.

- Pois... é isso. - Suspiro. - Durante o dia estou ocupada, sinto-me útil e a coisa vai andando. Mas quando paro... - Passo a mão nos cabelos. - Sinto-me completamente desorientada. Não é isto que eu quero na minha vida e o Rap... - Me calo imediatamente e ele me olha sorrindo.

- Você gosta dele?

- Não sei...

- Megan, você hoje está gostando dessas duas palavras: "não sei". - Sorrio fracamente e dou de ombros.

- Ele me faz sentir algo, mas tem tudo uma complicação e depois de cinco meses devo ir embora, e...

- Eu sei, eu sei. - Encaro ele novamente, surpresa. (Parece que esse lance e tempo entra nossa amizade deu certo mesmo. - Nós falamos muitas vezes sobre o seu sonho e afinal... - Ele dá de ombros e suspiro. - Você já tem algum dinheiro e tudo... - Ele fala animado e nego com a cabeça.

- Devia pegar nele, arrumar as minhas malas e ir para Londres. - Meu melhor amigo segura minhas mãos e sorri.

- Megan, você tem que pensar mais em você. Você é muito nova para ficar presa numa família que mal conhece. Ou melhor, que se conheceram a partir de um mero acaso. Você pode gostar muito deles, mas tem que se libertar, Megan. Se não, mais tarde, você poderá se arrepender. - Aceno, mas não querendo o que ele está me falando.

- Você sabe que eu sempre quis ir para Londres, ainda assim... - Nego com a cabeça. - Eu não consigo sequer pensar em abandonar essas crianças. - Controlo a minha língua para não falar o nome do dono dos meus pensamentos.

- Oh, Megan... - Ele nega com a cabeça. - Você não vai abandonar eles. Você pode continuar... sei lá... Fazendo uma ligação com os miúdos, mas não pode parar de viver a sua vida. Megan, você tem esse direito. Você tem o direito de viver a sua vida. - Aceno, mesmo não querendo ouvir suas palavras. - Quer saber? Você vai me fazer um favor. Vai tirar esse fato de super Megan e vai pensar em si uma vez na vida. - Nego com a cabeça, soltando um resmungo e me levanto.

- Preciso pensar. - Me levanto e beijo sua bochecha. - Adoro você.

[...]

- Você está a pensar em ir embora? - Simon pergunta confuso. - É isso mesmo, Megan? - Sorrio sem jeito e aceno.

- Bom... Eu já era para ter ido. - Dou de ombros. - Era para ter ido para Londres, tirar o curso de música. Tinha dinheiro para os primeiros meses, mas depois surgiu este trabalho de cinco meses, que me garantiriam mais tempo estável de dinheiro e por isso ainda estou aqui.

- Pois... - O mesmo suspira e olha em meus olhos. - Mas agora você voltou a pensar no assunto. É isso?

Não sei exatamente porque estou falando isso com o Simon, mas acho que é por preocupação para com a Matilde. Aquela pequena é tanto para mim e diz que sou tanto para ela também, tenho medo de lhe partir o coração.

- Esta casa é muito complicada. - Me levanto e logo a imagem do Raphael me passa pela cabeça. - E nem é pelas crianças. Enquanto que eu sinto que estou a ajudar, também sinto... - Também sinto que estou atrapalhando o trabalho de todos aqui dentro... Penso para mim. - Eu também sinto que a minha presença possa irritar muita gente nesta casa. - Dou de ombros. - Se calhar é melhor eu ir embora.

- Megan... - O mesmo se levanta e suspira. - Sinceramente... eu acho que se você for embora dessa casa, muitos sentirão a sua falta e não é só a Matilde. - Ele sorri de lado. - Eu também... Eu confesso que também vou sentir muito a sua falta. - Sorrio tristemente e ele coça a garganta. - Apesar de não conversarmos tanto e todo o tempo, sentirei. Porém, você tem que seguir a sua vida e vontades. Seja aqui, em Londres... ou em qualquer sítio que você quiser... Quer dizer... - Ele suspira. - Eu sou um pouco mais velho que você e tenho certeza que não aguentaria um dia sequer nessa casa, quanto mais o resto da vida. - Rimos juntos e ele nega com a cabeça.

- Eu sei que se contar a Any e ao Thomas que me vou embora, eles vão compreender e também eu arranjaria uma forma de falar com eles, não deixaria de os falar. - Dou de ombros. - Mas... mas a Matilde... - Nego com a cabeça. - Eu não sei como é que ela reagiria. E a última coisa que eu quero é fazer ela sofrer.

- Megan... - O mesmo caminha até mim e segura minha mão. - Você sabia que a maior parte dessa família abdicou de metade de seus sonhos pela nossa princesa? Mas eu tenho a certeza que nenhum deles se arrepende sequer um segundo de ter feito o que fez. E ela pode não ter conhecido a sua mãe... No entanto, você não é a mãe dela. - Mordo o lábio e aceno. - Ninguém pode chegar e apontar o dedo por você querer seguir em frente e ter uma vida longe daqui. E muito menos eu... quer dizer... que apesar de tudo, queria muito que você ficasse.

- Eu... - Coço a garganta. - Eu vou para Londres.

O mesmo acena e penso em como vou contar aquilo para as crianças e para o Raphael.   

De repente, babá | Família Hossler - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora